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Crônicas
22/12/2022 - 06h08
O timoneiro do Consórcio Nordeste
Damião Ramos Cavalcanti
 

Esse barco, como as preocupações de Noé, foi construído em 2019, quando trovões, relâmpagos e raios prometiam tempestades e mares revoltos, num horizonte de grandes desafios, próprios, como os também em relação ao Governo Federal. Até numa linguagem considerada desprezível, chamando nove irmãos por um nome só. Num insight, João altivamente respondeu: “Somos todos Paraíba”. A grande nave, imensa, formada por uma tripulação de nove das vinte e sete unidades da federação brasileira, surpreendeu, superando as altas ondas que lhe vinham de encontro. Do apelido, a alcunha não feriu, não nos depreciou, pelo contrário, orgulhou e reuniu os nove irmãos no reconforto do reconhecimento: João, eloquentemente político, tornou o apelido em nome próprio: “Somos todos Paraíba”. Altanado, o Consórcio Nordeste logo demonstrou a definição euclidiana de que o nordestino é, antes de tudo, um forte, todos nascidos de uma força tranquila, não zangadiça, mas valente.

Tempos atrás, a CNBB, sob a liderança de Dom Helder Câmara e a competência técnica do exímio economista, o paraibano Celso Furtado, foi atendida pelo Presidente Juscelino Kubistchek, fazendo, no estaleiro, com “madeira de lei que cupim não rói”, a SUDENE, que muito fortaleceu os pequenos proprietários de terra, as micro e pequenas empresas, na economia regional. As ideias econômicas de Celso Furtado, abençoadas por Dom Helder, não deixaram de dar uma tintura esquerdizante às interpretações de como seria a cor dessa nave. Mas, o movimento de 1964 deu-lhe outra pintura, inclusive diminuindo suas intensas afinidades com os governadores nordestinos. No Consórcio, os governadores são os próprios marinheiros ou a tripulação que timoneia tal embarcação, unidos, e zelando a integração regional, em políticas públicas integradas, e consequentemente, para o bem-estar social da região, primando pelo desenvolvimento sustentável, e assim pelo meio ambiente e, ao serem dirigentes políticos, educando e realizando a democracia.

Os objetivos do Consórcio Nordeste são edificantes, alguns de ordem muito prática, como dar uniformidade às compras das coisas públicas, que sofrem uma enorme variação de preço e sobretudo uma burocrática tardança de tramitação; lutar para que se torne realidade a interligação dos estados do Nordeste e municípios através de uma linha férrea, até então destruída pelo asfalto; fomentar e fortalecer as relações comerciais da nossa produção, como são os casos de frutas e pedras, junto à demanda estrangeira. Enfim, debater, discutir com os dirigentes públicos suas necessidades de gestão mais específicas; e articular e apoiar tecnicamente projetos que recuperem o nosso patrimônio histórico, que anda a ruir por falta de sustentação.

Há muitos meses, a indicação do Governador João Azevêdo para ser o Presidente do Consórcio Nordeste já vinha sendo comentada, intra e extra muros, pelos Secretários de Estado e dirigentes de órgãos, e também por empresários da região, que atuam no front do Consórcio. Realçavam eles, entre outros aspectos de importância, dois de relevância: A primeira seria a sua desejada reeleição, que se confirmou de modo convincente; e a segunda seria a sua “senioridade” em todos os cargos públicos que exerceu, cuja experiência exitosa demonstrou exemplo, diante dos nove estados da região. Nesse sentido, a decisão unânime dos oito governadores de torná-lo também Presidente do Consórcio Nordeste assegura não só as suas coparticipações, mas que teremos bons tempos, melhores pactos de governança, especialmente junto ao Governo Federal e aos outros membros da União. E La Nave Va, que esteja o leme nas mãos habilidosas e competentes de João Azevêdo, nosso timoneiro. Há tempos idos, dizia Pompeu (106 - 48 a.C.): “Navegar é necessário...”

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