Marieta nunca gostou de futebol. Também não entendia absolutamente nada de bola em campo. Não sabia nome de time, muito menos de jogador. Mas e a Copa do Mundo? Nada era diferente. Continuava não entendendo nada, não vendo jogo nenhum. Nem do Brasil. Mas os jogos tinham lá seu lado bom: a folga no trabalho! A chefe dispensava todo mundo para ver o jogo. Ela corria pra casa. Ligava a TV, ia pra cozinha. Assava bolo, cortava a salada, temperava os bifes, adiantando a janta. Quando ouvia a voz do Galvão gritando gol, corria pra lá. Anotava nomes que não lhe diziam nada: Richarlison, Vini Jr, Casemiro, Paquetá e Neymar - esse ela até que conhecia um pouco, como não? Mas as anotações não tinham maior razão. Era só mesmo pra comentar no dia seguinte. Na partida contra a Croácia, o tempo fechou, o Brasil fez as malas. Encerrava-se ali a peleja pela Taça. Marieta lamentou. Não pela derrota, mas pelo fim das folgas. Remoendo a revolta contra a Seleção Canarinho, ela tomou a decisão: mesmo não tendo jogo, não abriria mão da saída mais cedo. Convencida do seu legítimo direito, conquistado em temporada de Copa do Mundo, ela avisou à chefe: até que se declare algum Campeão, continuo indo pra casa. Não sou obrigada a pagar pelos erros dos outros! E viva o Brasil!
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