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Opinião
08/12/2022 - 05h26
A esperança pelo hexa no Qatar
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Não assisti, não ouvi e nem soube da Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil. Era muito criança e ainda não sabia dessas coisas. Só anos depois tive as informações de que o Brasil era favorito e acabou vencido pelo Uruguai. Também não acompanhei a de 1954 (disputada na Suíça), onde a nossa Seleção foi vencida nas quartas de final, pela da Hungria, num jogo em que o trio de arbitragem foi acusado de favorecer o adversário. Para mim, ainda garoto, predominaram naquele ano os festejos do quarto centenário de São Paulo, que tiveram muitos eventos e até músicas executadas no rádio insistentemente.

A minha primeira grande Copa do Mundo foi a de 1958, realizada na Suécia. Que também não vi, porque na época a televisão ainda não dispunha de tecnologia para as transmissões internacionais e, também, não havia TV na maioria das casas brasileiras. Ouvimos tudo pelo rádio. Nas andanças de meu pai – soldado da então Força Pública – pelas cidades interioranas onde era designado a trabalhar, nos encontrávamos em Bauru. Além de ser o ano em que o Brasil ganhou o primeiro campeonato mundial, tínhamos na cidade pelo menos dois personagens familiares à população e de grande importância. Pelé, que passou ali a infância e aprendeu jogar bola, atuando no time do BAC (Bauru Atlético Clube) e fazia sua primeira Copa do Mundo, com grande destaque; e Edson Leite, que saiu do rádio bauruense e havia se tornado um dos maiores narradores esportivos do País naquela época. Anos mais tarde, nas minhas incursões pelo rádio, tive o prazer de conhecê-lo. Sem dúvida, 1958 foi o grande acontecimento futebolístico da minha vida, que me motivou, inclusive, a praticar o esporte.

Depois veio a de 1962, no Chile, onde fomos bicampeões do mundo. Em 1966 (na Inglaterra), não fomos bem. Mas em 1970, já adulto e iniciando carreira na Polícia Militar, assisti ao tricampeonato, já pela televisão e tive ainda mais certeza de que o futebol era uma boa opção. Foi ainda na Copa daquele ano que muitos de nós, brasileiros, conhecemos a TV em cores. Certo que foi um evento para poucos, já que o sinal chegava colorido apenas nas unidades retransmissora da Embratel, que o exibiram para convidados. O povo só foi conhecer a TV colorida dois anos depois, quando ela chegou ao Brasil e os primeiros aparelhos da nova tecnologia começaram a ser produzidos e comercializados.

Tivemos grandes nomes que constituíram sólidas carreiras no futebol, muitas alterações, nas disputas e regras e agora as novas invenções eletrônicas que auxiliam (ou atrapalha) o trio de arbitragem. O certo é que a Copa do Mundo e a boa participação do Brasil, que ainda se sagraria campeão em 1994 e 2002, nos tornaram o “pais do futebol”. No entanto, há 20 anos estamos numa espécie de intervalo entre as vitórias e glórias do futebol. Mas, nas vitórias alcançadas nessa Copa do Qatar, temos o direito de voltar a sonhar. A nova geração de craques, capitaneada por Neymar vem demonstrando força e técnica (apesar de Camarões). Depois de despacharem a Coréia do Sul de volta para casa, nós, os brasileiros, ficamos entusiasmados. Oxalá a alegria se repita e o Brasil possa estar em campo na final do dia 18 para concorrer ao hexa. Pelos feitos recentes, a possibilidade parece, cada dia, mais concreta. Pra frente, Brasil!

Em tempo. Vamos todos torcer e rogar, também, pela recuperação da saúde de Rei Pelé...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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