O ano termina com muita preocupação para nós, brasileiros. Além das incertezas político-administrativas - que ninguém, em sã consciência, arrisca dizer como terminarão - temos o rebote da crise sanitária. A Covid-19, que fez o mundo perder pelo menos dois anos de produção e convivência, está de volta através de novas variantes do vírus e - o pior - pelo comportamento de risco das pessoas. Especialistas garantem que o aumento do número de testes positivos, internações e mortes, independente dos novos formatos da moléstia, pode ser tributado às aglomerações ocorridas por conta da campanha eleitoral, das eleições e, ainda, pela falsa crença de que a pandemia já é coisa do passado. Advertem que as festas de Natal e Ano Novo e da posse dos eleitos e seus auxiliares nomeados poderão ser o combustível para novo incremento do mal e, consequentemente, do número de vítimas, parte delas, fatais. O encaminhamento inadequado da Covid-19 na sua chegada ao Brasil, em pleno Carnaval de 2020, seguido por 2021 e até 22, foi um grande problema. A polêmica entre o presidente da República, congressistas adversários, pretensos candidatos ao Planalto, e até a incursão do Judiciário, não servem de subsídios para um bom relato do período, mas indicativo da motivação de tantos doentes e mortos. A CPI da Covid, realizada no Senado, nada mais foi do que um palanque-picadeiro que pode ter servido eleitoralmente aos seus participantes mas não contribuiu para a solução do problema. Na verdade, a crise da pandemia é apenas mais um lance da nefasta polarização política que o Brasil vive há anos e não sabemos onde poderá nos levar. Agora, que não há eleição próxima e nem governante adversário a combater, espera-se que o recrudescimento da Covid e até a possível volta à condição de pandemia sejam tratados de maneira mais técnica e menos política. Que os governantes se limitem a fazer sua parte no aporte de recursos - tanto financeiros quanto técnicos - e dêem o necessário apoio à estrutura médico-sanitária para esta fazer a sua parte sem ter de esbarrar em figurão caçador de votos e muito menos em corrupto desviador de recursos públicos, como aconteceu no passado recente (e ainda não foi apurado). Que os resíduos dos investimentos de 2020, 21 e 22 sejam reaproveitados para socorrer a população se realmente tivermos uma “recaída” para o nível pandêmico. Segundo o ultimo boletim, divulgado no sábado pelo Ministério da Saúde, o País registrou 35 mortes e 24.227 novos casos de Covid em 24 horas. O número é baixo se comparado aos picos da pandemia, mas exigem atenção e cuidados. Tanto que alguns setores (como o transporte aéreo principalmente) já voltaram a exigir o uso da máscara, que nunca deixou de ser obrigatório em estabelecimentos de Saúde. Em defesa própria, a população deve se resguardar e, sempre que possível, manter atualizada a vacinação contra o mal. Não esquecer que, além da Covid, pelo menos três outros males sanitários são preocupantes em território brasileiro: dengue, zika e chicungunya. Acautelem-se... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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