Maria, minha amiga, virou o pé, quebrou o salto da bota. Mas e daí? Estávamos num Shopping! Quer lugar melhor para se quebrar um salto? Saímos atrás de uma nova botinha para ela - naquele dia, o frio estava castigando. As lojas muito bonitas, todas iluminadas e decoradas, como só as lojas de um shopping sabem ser, eram um festival de tentações, naturalmente, agravado pelo momento crítico de Maria. Ela sentava-se em bancos coloridos, pisava fofos tapetes, desfilava nos espelhos seu pretenso sonho de consumo, mas... Nada. Vãs tentativas, nenhum vínculo se tecia entre minha amiga e os modelos apresentados pelas cordiais e bem treinadas vendedoras. Ao fim de exaustiva jornada, uma botinha castanha, discreta e confortável! Graças a Deus! Maria indagou o preço: a joia de couro, quase de ouro, custava uma pequena fortuna e, detalhe perverso, era somente à vista. Vi os olhos de Maria sofrerem um pequeno abalo, cintilarem perigosamente, tentando dizer um sonoro não, mas ao lembrar o salto quebrado da bota, ela se entregou sem forças: - Menina, gostei tanto que até já vou calçar! Na volta para casa, numa simpática lojinha de rua, eis que surge a irmã gêmea da bota nova de Maria. A diferença estava na bagatela que ela custava e, detalhe cruel, dividia-se em 10 vezes no cartão. Ah, os shoppings! Com salto ou sem salto quebrado, o que que a gente vai fazer lá, hein?
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