“Que dia foi o último sábado?” Pergunte ao seu interlocutor para ver o que ele responde. Com certeza, poucos dirão que foi o Dia da Bandeira que, desde 1889 - é comemorado a 19 de novembro. Mas, diferente dos anos anteriores, hoje todos nós, até involuntariamente, convivemos com a bandeira e o seu verde-e-amarelo, restaurados depois de um bom tempo em que se tentou transformar o vermelho em cor nacional. Nada contra a cor vermelha, mas consideremos que não faz parte de nossos valores e símbolos. Sou daqueles que pensam que, embora sejam adotadas por segmentos político-ideológicos, as cores - no contexto histórico - representam muito mais do que uma linha de pensamento à direita ou à esquerda e, assim sendo, não devem ser vistas como propriedades e instrumento de proselitismo. A bandeira, na forma apresentada a 19 de novembro de 1889 - quatro dias depois de proclamada a República - tem no verde a representação da vegetação brasileira, no amarelo o ouro e as riquezas, no azul o céu e os rios e no branco o desejo de paz que move os brasileiros. O verde e amarelo deriva das cores já utilizadas na bandeira ao império. As estrelas - que representam os Estados - foram posicionadas conforme eram vistas no céu do Rio de Janeiro - então capital da República - na noite de 15 de novembro daquele ano. Há um extenso regulamento para o uso da bandeira, destacando-se, entre eles o fato de os exemplares rasgados, desbotados ou manchados, não poderem ser simplesmente descartados, devendo ser remetidos à unidade militar mais próxima para sua incineração com honras, no Dia da Bandeira. Durante a carreira, participei de muitas dessas solenidades. Ao lado do hino, do brasão e do selo nacional, a bandeira forma os quatro símbolos das República, descritos na Constituição como representantes da identidade nacional. A lei maior determina que sejam tratados com respeito. Toda essa formulação legal é que nos dá a garantia de que não pertencem a grupos políticos ou ideológicos e que todos poderão utilizá-los com critério e no polo positivo. Sou daquele tempo que os professores faziam questão de transmitir essa cultura aos alunos e as aulas sobre bandeira e símbolos nacionais nunca esqueci. Nos tribulados dias por que passamos, a bandeira está alçada à posição de inspiradora da defesa da Pátria e da cidadania. É de se esperar que seu significado conduza os atores deste momento a realizarem o melhor pela Nação. Que o povo, titular e destinatário de todo o poder, tenha o equilíbrio e a energia necessários para não cometer excessos, mas exija o que lhe é de direito; e que os detentores temporários do poder sejam conscientes da importante missão que lhes foi confiada e a desempenhem com zelo, dedicação e honestidade. Que os integrantes dos poderes da República - Legislativo, Executivo e Judiciário - desempenhem seu papel com responsabilidade para termos de volta o equilíbrio institucional e que a paz volte a reinar sem a ocorrência de distúrbios, o emprego da força e muito menos o derramamento de sangue. Embora tenha vivenciado momentos críticos, a história política do Brasil encerra inquestionável viés pacifista. Há incontáveis episódios em que os radicalizados preferiram se retirar para evitar a luta fraticida (entre irmãos). Espera-se que todo o impasse de hoje se resolva à sombra da razão e a Nação possa seguir em paz o seu curso normal. Só assim poderemos garantir oportunidades e melhores condições de vida às próximas e futuras gerações. Que a Bandeira Nacional seja o grande estandarte de um novo tempo, deixando para traz, como exemplo histórico a não ser repetido, a polarização e todos os rompantes e problemas político-administrativos que não precisamos aqui citar porque o povo os conhece e repudia... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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