É muito comum vermos pessoas utilizarem a expressão “teoria da conspiração” para minar a credibilidade, não apenas de um argumento apresentado contra algo, mas também quando é levantada uma dúvida minimamente razoável. Ora, o fato de rotularmos um argumento, ou uma dúvida, como sendo uma [suposta teoria da conspiração] não deslegitima de forma alguma o que está sendo apresentado. Muito pelo contrário! Apenas reforça mais ainda a validade do argumento e a pertinência da dúvida. O que refuta, destrói e acaba com um argumento é uma contra-argumentação acompanhada de provas robustas que desconstrua, ponto por ponto, o que estava sendo apontado. O que dirime, dissipa e elucida uma dúvida é uma explicação clara e coerente, devidamente acompanhada de evidências e provas que procurem acalentar o coração aflito e a mente inquieta que a levantou. Agora, desdenhar soberbamente uma série de perguntas legítimas com base unicamente no sofista do “recurso à autoridade de uma investidura” e ao estratagema de colar um rótulo infame, como “teoria da conspiração”, não resolve a situação. Na real, expressa apenas o desdém malicioso de quem o usa. Faz muitos anos que a segurança das urnas eletrônicas vêm sendo questionada. Há muitos anos. Tanta era a falta de credibilidade que parlamentares, de várias correntes ideológicas, uniram-se, anos atrás, e aprovaram mudanças que foram, como direi, rejeitadas pelas vetustas figuras com seus supremos ares de soberba. Ao fazerem isso, permitiram que uma sombra de dúvida fosse projetada sobre o processo eleitoral. Sombra essa que, até o momento, não foi dirimida do coração de muitos e, após a apresentação de uma auditoria privada realizada por uma empresa argentina, fez com que essa sombra passasse a ter o peso de uma chapa de chumbo sobre suas consciências cívicas. Não apenas isso. Logo após a transmissão ter sido realizada através do youtube e da twitch, mais do que depressa os vídeos foram derrubados. Ora, diante disso, pergunto: é assim que se defende a legitimidade das tais instituições do Estado Democrático de Direito? É desse jeito? Enfim, há algo de muito podre no ar e não é nos ares do reino da Dinamarca.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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