Após o tombo de uma derrota é mais do que natural que pinte aquela indignação e, junto com ela, o desejo de encontrar um bode expiatório para descarregar nossa frustração. Sim, é natural, mas tal atitude não faz muito bem não. Na real, após uma derrota, como em qualquer revés que a vida nos apresenta, o que primeiramente nós deveríamos fazer é encarar estoicamente a situação e realizar, sem dó, uma baita autocrítica. Não sei se aqueles que se declaram conservadores, ou algo similar a isso, de fato estão disposto a fazê-lo, porém, se acreditamos realmente que é necessário edificar uma perspectiva política mais elevada para o nosso triste país, é imprescindível que, neste momento, engula-se o furor para refletir sobre os erros que foram cometidos nestes últimos anos que, diga-se de passagem, não foram poucos. Não me refiro aos erros da presidência da República e das grandes lideranças políticas. Isso fica para outra conversa. Neste primeiro momento, a autocrítica deve ser feita com referência a nossa postura, de um modo amplo, não apenas com relação ao pleito deste ano. Aliás, só pra constar: política não é unicamente forjada por partidos e eleições. Isso é apenas a superfície. Ela é muito mais ampla e profunda que isso. Lembremos sempre disso. Ora, se nos autodenominamos conservadores, é fundamental que aprofundemos a nossa compreensão a respeito desse trem. Se realmente negamos o marxismo, é imprescindível que procuremos conhecer com mais clareza e perspicácia o que ele é, quais são os males que essa ideologia já causou e, também, tudo aquilo que ela está semeando no meio de nós. E sejamos francos: isso foi feito? Ao menos foi iniciado nestes últimos anos? Pois é, foi o que eu pensei. Todos estavam ansiosos para ver e compartilhar vídeos, memes, prints e demais trens similares, mas poucos dispuseram-se para fazer algo mais substancial, com efeitos a médio e longo prazo. Se essa carapuça nos serve, usemo-la. Se não for esse o caso, não nos preocupemos porque, se formos realmente realizar uma autocrítica, com seriedade e serenidade, iremos encontrar muitas outras que irão nos cair muito bem.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
|