Eu jamais pensei que numa quinta-feira algo mudaria tanto minha rotina mas foi justamente isto que aconteceu no dia 1º deste mês de setembro, em que eu tinha saído para fazer umas compras em um mercadinho perto de minha casa. Lembro que eu fui ao tal mercadinho e ele não tinha as mercadorias que eu precisava e eu decidi então ir a outro mercadinho e, após dar uns passos, ao olhar para o chão, fiquei surpresa com o que vi: um gatinho filhote miando desesperadamente. O bichinho, que não parecia ter mais de um mês, tinha as cores bege, branco e marrom, os olhos de um azul translúcido mas o seu olhinho esquerdo estava meio fechado. Só sei que não tive coragem de deixá-lo lá e o peguei no colo. Enquanto eu passava por outras pessoas, elas comentavam: “olha o gatinho” e, enquanto eu caminhava com o gatinho no colo eu me perguntava o que fazer, pois pai, que não gosta de animais e aceita a gata de meu irmão e a cadela de minha irmã a contragosto, certamente não iria gostar. Fui andando e bati nas portas de duas conhecidas que costumam recolher animais nas ruas mas nenhuma delas respondeu e eu acabei levando o bichinho para casa. Meus irmãos, surpresos, disseram que era uma gatinha e pudemos ver que ela estava muito magra. No dia seguinte, levei-a ao veterinário, que passou uma pomada para o olho e recomendou vermífugo e um leite especial e eu comecei a alimentá-la e cuidar dela da melhor forma possível. Também dei um banho para tirar as pulgas e, pouco a pouco, ela começou a ganhar peso. Logo, vimos que ela melhorou a olhos vistos. O olho se recuperou, ela passou a brincar mais e interagir conosco e também a dar sinais de ter uma personalidade bastante carinhosa. Adora ficar junto a nós, é sapeca e afetuosa e, talvez devido à memória da fome que passou, come desesperadamente. Meu pai fica enlouquecido com isso mas eu penso que já não consigo imaginar a casa sem ela. Meus irmãos e eu divulgamos imagens dela nas redes sociais para ver se alguém poderia querer ficar mas não obtivemos respostas e meu irmão disse que eu poderia ficar com ela e chamá-la de Artemis. No final, eu acabei decidindo ficar com ela, visto que sinto que ela acabou preenchendo o vazio que ocupou meu coração com as mortes de Lilica e do coelho. Um animal de estimação é mais do que uma responsabilidade. É um companheiro para toda a vida e digo, pelo que tenho vivido, que apenas os animais são capazes de nos amar incondicionalmente. Dessa forma, digo que a minha pituquinha - forma como a chamo porque ela ainda não tem dois meses - terminou por roubar meu coração. Adoro o fato dela sempre querer estar junto a mim e penso que teremos uma linda história juntas. Sinceramente, nunca entenderei pessoas que não gostam de animais, porque eles nos amam como nós somos e, como disse o nome do famoso labrador chamado Marley (do livro Marley & eu), se dermos o nosso coração a um animal, teremos o dele e o animal a quem damos o nosso amor faz com que nos sintamos únicos e especiais. O dono de Marley ainda enfatiza: quantas pessoas nos fazem sentir assim? E, sejamos realistas, temos de concordar com isso. Muitas vezes, mesmo quando fazemos o nosso melhor, poucas são as pessoas que nos retribuem na mesma proporção, ao passo que um animal sempre estará satisfeito com tudo que fizermos por ele.
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