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Opinião
06/11/2022 - 06h00
Caminhoneiros, missão e ativismo político
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O bloqueio de rodovias é um mau hábito que os motoristas e donos de caminhões desenvolveram, causando transtornos à população e prejuízos à economia. Em 2018, no governo de Michel Temer, a classe montou barreiras para protestar contra o preço do óleo diesel e a falta de paridade no valor do frete. Havia o sentido de defesa da própria atividade, que chega a ser compreensível no quadro produtivo. Mas, agora, fechar as estradas em razão do resultado das eleições e da suposição da existência de fraude, não confere a mesma justificativa. Os caminhoneiros não devem (e, legalmente, não podem) se prevalecer de sua essencialidade para com isso pressionar pelas teses, próprias ou de terceiros. Podem fazê-lo como cidadãos, mas nunca bloqueando as vias de circulação, onde apesar de importantes, não são donos, mas apenas usuários.

A greve - e o bloqueio é um tipo de greve - com motivação política foi proibida por muito tempo. Nesses últimos 30 anos, em que o Brasil viveu o tempo em que tudo era permitido em nome da democracia, esse conceito pode ter se perdido. No entanto, deve ser observado para evitar que o direito de manifestação de uns cause prejuízos a outros, como o que a ocorre no presente, quando produtores de leite e hortigranjeiros tiveram problemas para fazer suas mercadorias chegarem ao consumidor e fatalmente arcarão com os desembolsos. Nenhum profissional - seja ele empregado ou patrão - tem o direito de transformar sua atividade em arma política. Até por respeito à sociedade e à clientela, que paga a conta e garante a sua subsistência.

Temos criticado professores - não importa se de direita, centro ou esquerda - que, no lugar das aulas do currículo de seu curso, fazem ativismo político. São livres para fazê-lo, mas não no ambiente profissional, de onde tiram o sustento e têm uma missão a cumprir para com o empreendimento. Todos os que têm disposição devem participar da política, mas no lugar certo, que são os partidos. Temos 32 deles registrados e em funcionamento à espera de militantes.

Quanto aos motoristas e aos donos de veículos, precisam cumprir a sua finalidade de transportar, para a qual se habilitaram por vontade própria e pagam tributos. Não devem se desviar da atividade, para evitar o desabastecimento e seus efeitos colaterais que podem resultar até em mortes. O governo, independente da identidade do governante e de sua orientação política, precisa se empenhar no aperfeiçoamento da matriz de transporte. Por políticas inadequadas, chegamos ao ponto em que perto de 80% das mercadorias são transportadas por caminhões, muitos deles atravessando o país (de dimensões continentais). Há que se investir na revitalização e ampliação do trem (que no passado foi o principal transportador de mercadorias e passageiros), no desenvolvimento dos rios navegáveis, na popularização do avião e na ampliação do transporte costeiro. De todos, o modal rodoviário é o mais oneroso porque tem carga limitada e consumo intensivo de combustível. E agora ainda se torna refém do ativismo de seus operadores.

A economia nacional lucrará muito no dia em que as mercadorias forem transportadas solidariamente entre as carcaças dos rios, o trem e até o avião, conforme suas características, e o caminhão estiver reservado para fazer a importante movimentação de ponte entre a origem e o terminal mais próximo e do ponto de desembarque até o consumidor. Restará ainda o benefício do desafogo da malha rodoviária através da diminuição dos gigantescos caminhões de longo percurso. É assim que se faz nas regiões mais desenvolvidas do planeta e os técnicos e planejadores do transporte brasileiro sabem disso porque já realizaram muitas visitas técnicas para absorver conhecimento. Coloque-se em prática...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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