Desde os tempos de vovó que todo mundo sabe, de cor e salteado, que é muito importante consultarmos mais de uma fonte de informação antes de chegarmos a uma conclusão sobre qualquer assunto. Aliás, a confrontação de ideias que contrariam uma a outra, a contraposição de propostas de solução para um problema é a base para aquilo que nossas avós chamavam simplesmente de bom-senso e que, atualmente, as pessoas mais comedidas, diriam que isso seria o mínimo que se espera de uma pessoa que tenha um pouquinho de razoabilidade. Para tanto, é imprescindível que tenhamos a tal da paciência para, é claro, realmente conhecermos os pontos de vista divergentes e, com esforço e diligência, possamos chegar a uma resposta minimamente convergente e suficientemente razoável. Não apenas isso. Antes de qualquer coisa é de fundamental importância que consideremos a possibilidade de que podemos estar redondamente errados sobre o que pensamos a respeito do que está sendo analisado por nós. Se estivermos certos, se a confrontação das descrições dos fatos, das ideias e propostas apenas revelarem que aquilo que tínhamos como correto é a mais cristalina verdade, ótimo. Que delícia. Agora, se ao final dessa trabalheira toda descobrirmos que nós estávamos redondamente equivocados, ótimo também, porque poderemos nos corrigir e isso, por mais desconfortável que seja, é muito bom, não é mesmo? O problema é que não são poucas as pessoas que preferem apenas informar-se com aquilo que, em alguma medida, e de certa forma, confirma as suas “convicções”, e isso é grave, muito grave. Infelizmente, admitamos ou não, não são poucas as ocasiões em que agimos desse modo, fechando-nos e copas, porque na maioria das vezes o que mais queremos não é conhecer a verdade para que ela nos liberte da nossa ignorância. Não. Infelizmente, na grande maioria dos casos, nós queremos apenas vencer o bate-boca, mesmo que isso nos leve a abraçar uma farsa, a mutilar o nosso coração e ferir de morte a nossa razão.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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