Saí para um passeio e, quem diria, a coisa virou pecado mortal: desequilibrei-me numas pedrinhas soltas de um barranquinho de nada, e algo pontiagudo perfurou-me a palma da mão. Eu sei, a dor que senti passa longe da de Cristo quando os cravos atravessaram-Lhe as mãos. Mas, ave-maria, vou lembrá-la pelos séculos dos séculos, amém! Feitos os exames, constatou-se a presença de um corpo estranho. O médico garantiu alívio imediato após a retirada, mas coá! O quadro evoluiu... Pra pior. E até que haja bom termo para o caso, espero, o jeito é ir ruminando os incômodos. A boa notícia é que vi-me rodeada de gente que me quer bem: biscoitinhos, água de coco, telefonemas, visitas, orações foram alguns dos mimos recebidos. Isso faz um bem enorme em horas de maior fragilidade. Sem contar, é claro, as adoráveis receitinhas: babosa é tiro e queda; compressas frias aliviam; compressas mornas relaxam; óleo de girassol hidrata; azeite amacia, banho de alho desincha, óleo de coco refresca... Atrás de cada conselho, a melhor das intenções: o sincero desejo da cura. “De médico e de louco todo mundo tem um pouco”, pois não? Sim. E ai de nós se assim não fosse! A vida seria insuportável, se nela não coubesse um tantinho das loucuras de todos nós. Então, um viva aos médicos, outro viva aos loucos!
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