Percepção, ação e vontade. Aí estão três elementos fundamentais para orientarmos os nossos passos nesta vida que, dia após dia, nos apresenta uma série de obstáculos, perrengues e dificuldades, para não nos acomodarmos em nossa mesmice nem um pouco original. Como todos nós bem sabemos, é importantíssimo que procuremos observar tudo com zelosa atenção, para podermos perceber com clareza o que está ocorrendo em nosso em torno. Sim, tal apontamento é tremendamente óbvio, mas, infelizmente, na grande maioria das vezes, antes mesmo de termos alguma percepção clara a respeito de qualquer coisa, nós já temos, prontinho, um pré-julgamento elaborado em nossa cumbuca e, é claro, isso frequentemente, no final, nos arrebenta de verde, amarelo, azul e branco. Se nossa percepção dos problemas é atravancada por uma série de pré-julgamentos tontos e tortos, consequentemente toda e qualquer ação que procuremos realizar acabará por naufragar, tendo em vista que uma avaliação mal feita de um cenário, invariavelmente, nos levará a agir num campo de ação falseado. E de tanto levar flechadas dessas nossas olhadelas tortas frente a realidade que, com o tempo, acabamos caindo de cara no chão, juntamente com os nossos planos e sonhos e, deste modo, a nossa força de vontade, que já não era lá essas coisas, acabará por esmorecer e terminará por transformar-se na mais pura má vontade. Por isso, é muito importante que, na medida do possível, procuremos orientar de forma realista e serena as nossas percepções, para que elas possam fundamentar de forma adequada as nossas decisões e, levando tudo isso em conta, quem sabe, com o tempo, nós aprendamos a ser mais humildes frente a complexidade da realidade. Crônica falada.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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