Sempre tive uma grande ligação com Toque Toque Grande, onde meu avô Sebastião Justo de Moura nasceu. Desde pequena costumava ir de caminhão com meu pai visitar essas terras. Tenho também reportagens da época que foi aberta a estrada, quando meu pai e meu avô foram ajudar a dinamitar as pedras, que haviam na sua propriedade onde a estrada passou. Nessa época eles tinham também roça de bananas, pois o Estado subsidiava barcas para levar para Santos a produção, gerando renda aos moradores. Depois com a abertura da estrada as barcas pararam. Em 2004, o Marcelo Veríssimo, filho de uma amiga que estava fazendo o seu TCC de jornalismo registrou a história da capela de Santana que há em Toque Toque Grande e todas essa informações. Também em 2020 fiz um folder sobre os 100 anos de construção das capelas. Tenho informações que meu avô e meu pai construíram as capelas de Toque Toque Grande, Toque Toque Pequeno e Paúba. Meu avô trabalhou com construção civil a vida toda, tinha uma serra de cortar madeira, era um exímio marceneiro, e no fim da vida ficou surdo por isso. Além do terreno que recebi como herança do meu pai, onde construí uma pequena casa em nome do meu filho, comprei também o terreno que foi do meu tio Paulo Moura. Em 2009 meu filho vendeu a sua casa para o Waldir Simões e o Manoel Peres, mas ainda tenho parentes, que moram por lá, por isso visito o local constantemente. Os novos proprietários dos terrenos eram todos meus amigos, e como era um grupo de pessoas com mais de 50 anos, resolvemos que envelheceríamos juntos morando todos por ali. Por isso passamos a chamar esse local de Woodstoque-toque. Uma alusão ao Festival Woodstock de 1969. Uma das moradoras a Marli Penteado, construiu em sua propriedade uma casa de farinha, que chegou a produzir, mas sem compromisso. Eram na verdade mutirões regados a música e violão, quando a farinha era produzida e ensacada com o rótulo: Farinha de Mandioca Artesanal Woodstoque-toque. Foi um período muito legal. Hoje ela já não mora mais ali e a casa de farinha está desativada. A Creusa veio depois, construiu sua casa lá e junto com o Waldir e o Manoel e transformaram esse lugar pelo capricho com que cuidam das plantas e das árvores frutíferas. Woodstoque-toque continua sendo um lugar de encontros, onde a pessoas ficaram ligadas para sempre, pelas vivências e histórias.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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