Às vésperas de mais um pleito eleitoral, o País vive momentos de tensão injustificada. Com a animosidade acompanhando de perto candidatos e eleitores, as cenas de radicalismo extremo se multiplicam. Um adesivo, uma bandeira, uma camiseta ou um simples gesto serve de estopim para desencadear desavenças, em alguns casos com resultados trágicos. Parece que determinadas pessoas perdem a noção do respeito, do bom senso e do autocontrole quando o assunto é política. Esse posicionamento exacerbado é criminosamente estimulado por elementos mal intencionados que atuam nas redes sociais produzindo conteúdos reconhecidamente falsos, as chamadas “fake news”, ou notícias falsas. O objetivo desse tipo de publicação é disseminar a desinformação com o intuito de confundir o eleitor, em proveito de determinada corrente partidária. Atitudes dessa natureza em nada contribuem para a manutenção de nossa capenga e maltratada democracia, corroída incessantemente por comportamentos pouco republicanos perpetrados sistematicamente por detentores de cargos eletivos, escolhidos exatamente para resguardar esse ativo de valor imensurável para uma nação. Diante dessas demonstrações gratuitas de intolerâncias de todo tipo, os questionamentos são óbvios: afinal, quais os motivos para tamanho destempero emocional? Por que optar pelo confronto físico se o diálogo ainda é o melhor caminho para solucionar divergências, especialmente as de cunho político-partidárias? Qual a influência direta no cotidiano do cidadão comum a vitória de qualquer dos candidatos uma vez que, independentemente da sigla partidária, os eleitos do passado pouco fizeram e os futuros governantes farão menos ainda para amenizar as intermináveis dificuldades das pessoas? Poder-se-ia ainda elencar outras indagações pertinentes, porém não se justificam certos comportamentos, muitos deles estimulados pela tal polarização. Expressão pomposa, neologismo da moda, mas grandiloquente o suficiente para posicionar em lados opostos amigos, familiares e até uma sociedade inteira, é presença constante nas rodas de conversas. O eleitor brasileiro em geral demonstra especial propensão em suscitar debates improdutivos. Defendem com unhas e dentes seus atuais candidatos, mas dificilmente se recordam da destinação completa do voto no último pleito. O que não se compreende, muito menos se admite é a postura temerária de alguns candidatos ao cargo executivo federal, nesse momento delicado. Partem para o ataque com antagonismos virulentos, totalmente incompatíveis com a relevância da função pública que pleiteiam. Ao invés de tentar amenizar as tensões naturais de uma campanha eleitoral resolvem apagar o fogo com gasolina, como que querendo literalmente incendiar o Brasil, a julgar pelo nível rasteiro das recorrentes declarações sobre os adversários. Esse é o cenário atual, não muito diferente de outras campanhas do passado, mas com o ingrediente inflamável da polarização exagerada. O eleitor deve compreender que os vitoriosos nas eleições não detêm algum poder mágico que venha a solucionar todos os problemas do País. Isso não passa de uma utopia insana, típica dos costumeiramente alienados. Somos todos filhos dessa terra abençoada e almejamos um futuro decente para nossos descendentes. Portanto, é preciso moderação nesse momento, para que a verdadeira democracia possa ser exercida com sabedoria e responsabilidade. Nota do Editor: José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva (PR).
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