Diáspora é o termo empregado em referência à movimentação dos judeus que, até 1948 ano de fundação do Estado de Israel não dispunham de seu território pátrio. Mas também serve para designar a imigração dos demais povos. A diáspora brasileira soma hoje 4,2 milhões de indivíduos, sendo os maiores contingentes deles fixados nos Estados Unidos (1,775 milhão), Portugal (276 mil), Paraguai (240 mil) Japão (211 mil) e, na outra ponta da lista de 30 países, China (10 mil). É um quadro preocupante porque as principais razões que levam o brasileiro a sair do país são a falta de segurança, a ausência de perspectiva econômica e a balbúrdia política que nos conduz à polarização hoje explícita. Segundo fontes da Receita Federal, as saídas definitivas do Brasil cresceram de 8170 em 2011, para 22.455 em 2018 e os principais motivos alegados são a insegurança e a crise econômica deflagrada em 2014. É generalizado o medo de ser assaltado, agredido e até morto por criminosos cada dia mais impunes, que levam consigo a certeza de que o crime compensa e, por isso, são cada dia mais ardilosos e sanguinários. Quem já foi embora resolveu, pelo menos em parte o seu problema, mas deixou para trás família, amigos e toda uma vida. Mas é preciso considerar que muitos que também pretendiam buscar outro país, não conseguiram e continuam vivendo o terror vigente em nosso demagógico Brasil. Eles sabem o risco que correm e, a maioria, evita desfrutar do mínimo luxo que suas posses podem sustentar porque têm medo de virar presa dos malfeitores. Coincidentemente, vemos nos jornais o exemplo claro do perigo da exposição de dinheiro ou riqueza: o homem que ganhou na Mega-Sena e foi sequestrado, roubado e morto por bandidos. A simples declaração do brasileiro que imigra, de que o está fazendo por questões de segurança, é motivo de extrema preocupação. Principalmente quando sabemos que os investimentos em segurança pública apesar de ainda insuficientes têm crescido em todo o território nacional. As polícias absorvem novas técnicas, procedimentos e equipamentos, treinam seu pessoal, mas, mesmo assim, o crime aumenta. É preciso encontrar concretamente a motivação desse descompasso que, como inconveniente subproduto, leva milhares de brasileiros amedrontados a deixarem de produzir aqui para ir aumentar a produção de outros países, onde se sentem mais seguros e recompensados. Desenvolvido através da imigração que substituiu a escravatura e trouxe competências e investimentos o Brasil viveu na última década o oposto do que o levou a inserir-se entre as dez principais economias do mundo. São mais de 4 milhões de brasileiros fugindo dos perigos que viram (ou sentiram) no próprio país. Eles têm medo ou, pelo menos, querem evitar tornarem-se vítimas do crime organizado que hoje assola vastas áreas do território urbano e rural e da ineficiência dos administradores públicos, da máquina estatal e, principalmente dos congressistas, que em vez de trabalhar pelo aperfeiçoamento da economia e da sociedade, criaram aleijões representados pela proliferação do crime, da corrupção e da falta de perspectivas e segurança negocial. Num momento como este nas vésperas das eleições é impossível não citar a importante parcela de culpa dos políticos (especialmente dos congressistas) pela situação que leva o brasileiro ao desejo de buscar países mais seguros e economicamente mais viáveis para trabalhar, manter sua família e construir seu futuro. Um dos pecados que nenhum deles poderá negar é o sofisma usado durante os últimos 30 e poucos anos, de que com democracia todos os problemas nacionais seriam resolvidos. Isso é a maior das inverdades, mas o povo nela acreditou e, diante dos resultados, encontra-se cada dia mais decepcionado. Outro indutor do forte desejo de trocar o nosso país por outros é o afrouxamento da punição aos crimes, que favorece e induz a reincidência e amedronta o cidadão comum. Esquemas muitas vezes à soldo de organizações criminosas e parlamentares demagogos e interessados exclusivamente no voto, fizeram de tudo para banalizar o cumprimento da pena e o resultado está aí, cada dia mais claro e denunciador da grande dívida do país para com os seus cidadãos que, sem alternativas, imigram para preservar a vida, a família e até os próprios sonhos. É por isso que não cansamos de pedir: antes de votar procure conhecer o candidato, o que ele já fez (de bom ou de ruim) e o que ele está prometendo no caso se ser eleito ou reeleito. Só dessa forma, nós, o povo, poderemos contribuir para melhorar a vida do país e de todos os brasileiros... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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