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Opinião
12/09/2022 - 06h27
Angústia, ansiedade e o caminho da comunhão plena
Davi Chang Ribeiro Lin e Karen Bomilcar
 

A palavra angústia se refere a uma passagem estreita, uma redução de espaço e tempo. No latim, angustus denota um estreitamento, um aperto. A angústia é um afunilamento de vida, uma sinalização que nos conclama a passar pelo caminho apontado. Angústias, medos, ansiedades, tristezas, desânimos agem como sinais, lembrando-nos de que as questões profundas sobre o significado da vida e a realização relacional não podem ser extintas.

Em vez de ser simplesmente ignorada ou excluída, a angústia também pode tornar-se um recurso, um sinal oculto reconhecido quando se abre a dimensão da interioridade mais profunda. É no recolhimento do silêncio que se descobre, que se revela a angústia do coração. O coração humano também depara com a experiência da ansiedade, uma sensação de medo ou perigo, uma desagradável agitação ante uma situação difícil.

Enchemos a agenda e nos agitamos exteriormente com atividades, evitando que medos e ansiedades se tornem conscientes. O ativismo é uma resposta inadequada à agonia existencial que nos assola. Ainda que nossas ansiedades se manifestam em meio às múltiplas narrativas oferecidas para aplacar os medos, percebemos que os questionamentos essenciais do coração humano permanecem os mesmos através das gerações.

Nossa trajetória é uma busca de retorno ao vínculo e à conexão, à “mais funda comunhão”, ao caminho que auxilie nosso desamparado coração ao reencontro com Deus e com o próximo. Somos seres feitos para relações de pertencimento e confiança, mas em vez disso vivenciamos ruptura e desvinculação.

Quando nos encontramos em meio à angústia, a busca por uma vida mais equilibrada e em oração podem influenciar de maneira relevante o cuidado com o coração. A reconciliação com o Criador e o relacionamento diário com Ele nos acalentam o coração e nos permitem descansar em fé e esperança, mesmo enquanto atravessamos vales de opressão, desesperança e angústia.

Em meio às demandas, às múltiplas possibilidades oferecidas ou à falta opressora de perspectivas, aos estímulos tecnológicos e às solicitações constantes, somos relembrados que podemos nos desvencilhar das tentações do controle, do poder, da solidão e da desintegração.

Desejamos caminhar na direção de uma vida de mais integração de sentimentos e emoções, frutífera e alicerçada no cuidado do Pai, que nos deu origem e nos promete companhia, destino e amparo.


Nota do Editor: Davi Chang Ribeiro Lin é psicólogo e doutor em teologia e pastor na Comunidade Evangélica do Castelo em Belo Horizonte. Karen Bomilcar é psicóloga especializada em clínica hospitalar, mestre em Teologia e Estudos Interdisciplinares pelo Regent College, no Canadá.

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