Você, eu, todos nós já tivemos que enfrentar maus bocados na vida e, com toda certeza, muitos outros estão nos aguardando nos tempos que estão por vir e isso, é claro, não é um bicho de sete cabeças. Nada disso. É apenas a vida como ela é e sempre será. De todos os perrengues que vez por outra temos que encarar, provavelmente o pior de todos é quando somos tomados por um grande estado de confusão, confusão essa que foi parida pela nossa limitada compreensão a respeito de tudo, mas, principalmente, a respeito de nós mesmos. Na verdade, bem na verdade, boa parte de todas as situações que nós vivemos, e que nos deixam apoquentados, são fruto dessa nossa ignorância a respeito de quem somos e, é claro, de quem podemos vir a ser com a maneira como vivemos a nossa vida. Boa parte dos dias da nossa existência vadia, seguimos o nosso passo meio que no automático e, na melhor das hipóteses, vamos mecanicamente cumprindo com todas as nossas obrigações, sem pensar muito no babado. Na pior das hipóteses, oscilamos entre o automatismo de nossos deveres profissionais e alguns momentos de apatia, frente a algum entretenimento midiático qualquer, para não pararmos, nem por um instante, para refletir sobre a falta de propósito que toma conta de nossa alma. Quando permitimos que isso ocorra - tanto na primeira como na segunda situação - estamos nos reduzindo a uma reles engrenagem de algo que lavora noite e dia para nos esvaziar e nos alienar e, assim o é, porque fazemos questão de ignorar quem nós somos e, é claro, desprezamos tudo, tudinho, o que nós poderíamos realmente ser se procurássemos nos conhecer um pouquinho melhor. Crônica falada.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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