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Crônicas
09/09/2022 - 06h04
Priscila Siqueira
Maria Angélica de Moura Miranda
 
Paulo Roberto Soares 

Priscila Dulce Dalledone Siqueira nasceu em Ponta Grossa, Paraná, em 1939. Quando tinha dois anos, sua família foi para Curitiba, cidade onde passou sua infância e cresceu. Optou por fazer Jornalismo porque era muito curiosa, sempre gostou de saber o porquê das coisas.

Participando da Juventude Universitária Católica foi convidada em 1960, para fazer parte da equipe nacional sediada no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Nesse movimento coordenado por Dom Helder Câmara ela percebeu as injustiças que ocorriam no país.

Naquela época quase não haviam faculdades particulares, as Universidades Católicas estavam começando a se estruturar. De 100 crianças que entravam no primário, fora as que não entravam, somente duas chegavam à universidade. Daí a consciência que a JUC dava aos universitários: chamando a responsabilidade em devolver à sociedade aquela oportunidade que o estudo tinha lhe dado.

Várias equipes de profissionais que passaram pela JUC foram para o interior do Brasil, seu marido que era Dentista foi para Cidade de Lucélia, na alta paulista, onde já havia uma equipe trabalhando lá.

Casou-se com João Augusto Siqueira em 1962, e também foi para Lucélia atuando como articuladora dos sindicatos rurais. Nessa época criaram o Sindicato da Empregas Domésticas para formalizar e criar um novo caminho para as meninas que tinham como destino a lavoura do café ou a prostituição. Desde desse tempo passou a atuar na causa das mulheres e na prevenção ao trabalho escravo. Todas essas iniciativas foram consideradas subversivas pela elite local.

Em dezembro de 1962 chegou em São Sebastião junto com o mesmo grupo de médicos que vieram para tocar o Hospital de Clínicas, recém inaugurado. Dr João Siqueira participou ativamente da Irmandade Coração de Jesus como membro e também por duas vezes foi provedor do Hospital.

Seus 5 filhos: Andréa, Raquel, Paulo de Tarso, Angela e Lúcia, nasceram no Hospital de Clínicas de São Sebastião, com a Dra Eliza Mendonça e Dr Zaire Rezende, iniciando nessa época o atendimento de gestantes no hospital, uma vez que a tradição eram os nascimentos com as parteiras.

Por causa do posicionamento político toda a equipe do Hospital, viveu momentos difíceis durante a Ditadura Militar, mas mesmo assim continuaram firmes na luta pelo bem comum.

Foi uma das primeiras jornalistas que cobriu o jornalismo ambiental. É uma das fundadoras do MOPRESS - Movimento de Preservação de São Sebastião, além de ser uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica. Foi também Presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro, fundamental na luta de Defesa dos Caiçaras de Trindade, no Litoral Fluminense.

Junto com a AAMS - Associação de Amparo à Mulher Sebastianense, Conselho da Condição Feminina e a Pastoral da Mulher Marginalizada enfrenta o tráfico de mulheres uma vez que o Litoral Norte é fornecedor de meninas e jovens para a rota do tráfico pelas rodovias e pelo mar. Foi jornalista e articuladora do Serviço de Prevenção ao Tráfico de Mulheres e Meninas, com sede em São Paulo, uma das ONGs que criou o Escritório de Prevenção ao Tráfico de Pessoas do Estado de São Paulo.

Como articuladora da da sua ONG participou de vários encontros nacionais e internacionais, inclusive em encontros da ONU - Organização das Nações Unidas, em Nova York e em Viena.

Com João Siqueira participou de várias atividades no Tebar Praia Clube, onde seus filhos tiveram contato com os esportes. Em 1969 e 1975 o Dr João Siqueira foi Presidente do Clube.

Sempre foram atuantes na política partidária do município sendo que o Dr João foi eleito Vereador em 1988 e 2008 e Prefeito Municipal em 1997. Quando Priscila Siqueira esteve à frente do Fundo Social desenvolveu vários projetos para empoderar e profissionalizar as mulheres.

Hoje em dia aos 83 anos é colunista do Coletivo Caiçara em defesa dos direitos dos povos originários do Litoral Norte, e ditou ao livros: Genocídio dos Caiçaras - Tráfico de Mulheres: Oferta Demanda e Impunidade - O sonho de Julieta - A outra face de Eva - e foi uma das coordenadoras do livro: Quanto vale o ser humano na balança comercial do lucro: Tráfico de Pessoas.


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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