A cada dia que passa vemos cada vez mais o nosso dia a dia sendo invadido, em todos os seus meandros, em cada uma das suas facetas, por toda ordem de quinquilharias tecnológicas e, a presença das mesmas, vem impactando das mais variadas formas possíveis as nossas vidas. Alguns desses impactos são inegavelmente positivos. Não apenas isso. Eles são bem-vindos. Porém, todavia e, entretanto, há inúmeros outros que indiscutivelmente são tremendamente nocivos e, para infelicidade de todos nós, eles vieram para ficar e, por isso, temos que, urgentemente, aprendermos a lidar com esses entreveros e superá-los. De todos os malefícios que os trambolhos tecnológicos [que cabem na palma da nossa mão] nos trouxeram, provavelmente o mais severo de todos é o fato de que muitas, muitíssimas pessoas, estão se habituando a apenas desejar aquilo que pode ser oferecido pelas ditas cujas das novas tecnologias. E se isso já não fosse o bastante, essas mesmíssimas pessoas, com suas taras modernosas, querem porque querem que as tenras gerações sejam, desde muito cedo, condicionadas a terem suas vidas acorrentadas a aparelhos eletrônicos que vão, sem a menor sutileza, corrompendo os seus corações e pervertendo as suas mentes. Isso mesmo, cara pálida! Corromper desde cedo os corações e as mentes dos infantes porque, quando permitimos que crianças sejam expostas, de forma desmedida e irresponsável, ao uso contínuo de aparelhos que comprovadamente reduzem de forma drástica a capacidade de concentração de uma pessoa, o nome que se dá a isso é degradação. Aliás, uma tremenda perversão. Crônica falada.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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