Acho que toda pessoa deve ter amor próprio, brio, caráter. Mas não pode e não deve, em alguns casos até de discriminação, transformar isso em ressentimento, fazendo isso vira um recalcado, negativo, odiento. Pessoalmente reajo - sempre reagi - à discriminação ou ofensa na hora, que nem caldo de cana. Mas não me tornei um ressentido, muito menos recalcado ou odiento. Graças a Deus. Juro. Sempre recordo as discriminações que sofri. Algumas difíceis de esquecer, imperdoáveis. Mas dei a volta por cima. Sempre. Detalhe: nunca ri e nem senti satisfação quando um desafeto foi atingido por uma dificuldade. Mas há lembranças agradáveis e até hilárias de discriminações que sofri. Uma delas se deu quando uma garota, colega de escola, me disse que, infelizmente, não podia me convidar para seu aniversário porque eu não tinha roupas apropriadas e porque os pais dela proibiram, porque eu era filho de um comunista. Disse isso chorando. Envergonhada. Na segunda-feira, na escola, me entregou um embrulhinho contendo um pedaço do bolo e outras guloseimas. Degustei sem ressentimentos. Inté.
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