Iscuitando o prosiá doceis, mi baxô no coração, uma baita sodade do meu sertão... Ieu ficava contemplando o anoitecê, Vendo o céu escurecê... Baxando o luá nu meu sertão... E agora, vendo lá longe o passado, neste caminho que tenhu andado, nesse meu passado que não vorta nunca mais. Bem no cumeço da vida, vejo uma cruzinha caída bem no arto do espigão... Foi a Joaninha, que era a única vizinha que eu tinha lá no sertão. Niquiqui raiava o dia, correndo nois dois ia lá no corguinho brincá. Prantemo um jardim, cheio di linda frô, qui eu cuiia, pra modi presentiá, minha quirida Joaninha... No tronco do veio ipê Nois juremo de si querê E inté fizemo um siná. Pra modi quando nois dois crescesse, e nosso ombro ali batesse, nois havera de si casa. Mai, Deus num quis ansim, i nosso amô teve fim... Eu já tinha quinzi anu quando a disgraça aconteceu. Um boi marvado pegou a Joaninha, e pinchô ela nu chão, matando meu coração... Peguei ela nus braçu, vi seus zóio se fechano e ela foi p’ra mim falano: Chore não meu cabôco, ieu só vô passiá juntinho di NossuSinhô... Foi longo esse passeio, esperei tanto, ela não veio... Achu qui di lá gostô... Nuncamai vortô... Ieu fiquei sem meu amô... No tronco do veio ipê, onde noidoi juremo de si querê, fiz prela uma cruz... Naquele tempo eu não sabia que quando uma gente morria, num vortava nunca mais. Joaninha, adispois cocê foi embora, eu parti pro mundo a fora, nunca mai otro amô incontrei... Pra cada moça qui zoio, mi alembro docê... Essa raiz da sodade, ficô no peito prantada, pra modi num saí nuncamai... Pruque amô sincero e puro iguá ao nosso, eu juro - nunca mais tornei encontrá!
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