Se eu não tivesse me apaixonado pela Pedagogia, teria sido Psicóloga. E até tentei ser as duas coisas, mas por questões de logística, nos territórios da Psiquê não passei da matrícula. Não podendo me sentar no lugar do psicólogo, encanto-me com o divã. E sou firme nesta ideia: todo ser humano deveria ter direito a fazer psicoterapia, pela simples razão de que a vida é coisa demais para nossa cabecinha. E é nas sagradas quatro paredes de uma psico que a gente pode se desvelar: sem barras, sem censura, sem limites e sem julgamentos... Ufa, que leveza! Numa das sessões mais bonitas que já fiz, levei um dever de casa: confrontar um retratinho do meu eu-menina com o meu eu-mulher. Fui à caça do meu mais antigo eu. Custei para achar, porque fotografias eram mais raras no meu tempo de criança. Mas o fato é que a menininha de 2 anos, de olhinhos apertados por causa da claridade, batendo palminhas para o retratista, veio alumiar os meus dias. Sempre que travamos nosso papo sereno, digo a ela: a mulher não fez feio, menininha. Fique descansada, ela segue altaneira em caminho reto, de um jeito que jamais irá decepcioná-la. A garotinha não está nem aí para mim, mas continua batendo palmas e sempre me diz: “Deixe que eu te pegue (e te leve) pela mão...” Ela e eu seguimos juntas e em paz...
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