Faz um tempo, eu me casei com uma operadora de telefonia. Apesar dos alertas sobre seus defeitos, apostei no relacionamento. Mas ela realmente errava feio: não cumpria tratos, deixava-me falando sozinha, cortava nossa comunicação. Uma tortura, o enlace com tantas cobranças indevidas. Nunca nada estava bom, ela sempre queria mais! Desiludida, até tentei romper nossa relação abusiva, mas não era fácil. Ela me enfeitiçou. A cada ameaça de vou-me embora, novas promessas. Dei-lhe muitas e muitas últimas chances. No fundo, eu queria muito que ela endireitasse e visse em mim a parceira fiel que eu realmente era. Os rumores do declínio não eram segredo: viciada em cometer erros, ela entrou em recuperação judicial. Mas eu, cega de amor, persistia. Achava que eram intrigas da oposição, inveja do oponente e por aí afora. Sempre lhe dava créditos. E vai acreditar assim lá no Rio de Janeiro, viu! Por fim, cansada das nossas desavenças, pedi o divórcio. Mas faz uns dias, o fantasma do meu antigo amor ressurgiu das cinzas: Vamos negociar nossa dívida? Que dívida, se nem obrigação fiquei devendo, pelo contrário, só colecionei mágoas? Pois falou em dívidas, apesar do cancelamento. Pelo jeito a batalha não terminou! Suspeito, vou ter que pedir medida protetiva contra essa senhora. E na carta de reclamação suplicarei: Deixe-me em paz! Mas é bem capaz de ela me olhar com sua cara de sonsa e dizer: OI?
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