Recebo muitos e-mails comentando os meus artigos, guardo todos eles, alguns respondo, outros é difícil considerar. Considero salutar esta troca de informações, toda crítica é sempre construtiva. Com relação ao seu, obrigo-me a responder por consideração e respeito. Engana-se você ao pensar que é muito fácil ser contra a atitude dos incendiários da Maranduba. Talvez seja fácil para você, que é favorável e mantém-se em surdina com as suas deprimentes opiniões usando e-mail fechados. Para mim, que faço de público, é muito difícil. Primeiro que preferia mil vezes estar falando de coisas positivas e não estar perdendo tempo explicando bestialidades que se cometem em nome da Justiça. A Justiça que acredito e defendo não tem adjetivos ou qualificativos, é Justiça. Aqui e na Conchinchina. Nesse mundo omisso em que vivemos, onde é mais fácil sobreviver ficando calado, você nem imagina o quanto é difícil defender idéias diante de tantas instituições encalacradas. É nossa responsabilidade e missão, trabalhar para que o nosso sistema judiciário um dia pratique a Justiça vinte e quatro horas por dia, que um dia possamos eleger Políticos e não representantes classistas, que um dia sejamos uma Nação e não essa massa disforme e sem amálgama que somos hoje. Fosse para estratificar nossas situações em particular, você sempre esteve em situação financeira e acadêmica mais avantajada do que a minha. Você pertence à sociedade dos bens nutridos muito mais do que eu. Nunca tive o tipo de personalidade externada nas suas opiniões. Jamais acreditei que a violência constrói algo diferente de mais violência. Apesar de parecer muito mais fácil ser violento dentro de toda a violência que convivemos no dia-a-dia, continuo acreditando ser muito mais saudável e produtivo construir a Paz. Ao modo de cada um com sua formação profissional, somos dois construtores, mas, garanto, jamais bati um prego sequer com o tipo de sentimento que você expressa para justificar aqueles incendiários. Aliás, aqui cabe uma correção em nome da História. Em seu e-mail você classificou de carbonários os incendiários da Maranduba. Devo lembrá-lo que nem de longe qualquer um dos incendiários ou seus cúmplices, passam por carbonário, sinceramente e com todo respeito que lhe devo, nesse ponto acho melhor você voltar aos livros. Devolvendo-lhe as saudações Carlos Rizzo
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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