Há vários provérbios sobre a amizade e muitos diretamente sobre o amigo. Talvez um dos mais antigos e repetido seja o do Cícero, que filosofou até 43 anos antes de Cristo. Era romano, portanto, falou em latim: Amicus certus in re incerta cernitur, o que significa para nós: “O amigo certo se reconhece numa situação incerta”. Palavras que tanto escutei do inesquecível amigo Professor Luizito, em momentos de atitudes que exprimiam sincera e espontânea amizade. Essa “hora incerta” se traduz assim, no momento exato em que precisamos, o amigo aparece. Desse modo existem amigos fáceis, são poucos... Muitos são os que precisam. Ao correr do tempo, desfazem-se algumas amizades, que iniciaram nas brincadeiras da infância, e foram se esmiuçando, a partir da adolescência. Éramos moços e contávamos como amigos aqueles que tínhamos como conhecidos. Sem pestanejar e avaliar: - Conheço, é muito meu amigo. No entanto, vividas muitas experiências, já amadurecidos, definimos melhor a amizade sincera, até a diminuição de que os verdadeiros amigos estão nos dedos das mãos. Exagera-se, pode ser mais do que cinco. Sobretudo porque quem procura fazer amizade, basta fazer o bem desinteresseiro e ser feliz. Termina encontrando alguns amigos e além de meia dúzia. Mas, quem não tem amigo, nunca os procurou, não abre a boca, não age, mostrando-se extremamente introvertido. Existe “amigo” que quer se comportar como tutor do outro, como se tivesse domínio sobre o companheiro. Fala o tempo todo; balança a cabeça negativamente sobre qualquer atitude do colega, e legitima suas orientações: - “Essas coisas só estou dizendo por experiência própria, desde quando deixei de ser menino. Quem avisa amigo é...” Achando-se superior, somente ele avisa, exorta, endireitando o pretenso amigo, sofrido sob interminável blábláblá de pressão. Ora, amizade se define na reciprocidade, a relação entre amigos só sobrevive com base nas atitudes recíprocas e desinteresseiras, basicamente de compreensão e de conhecimento mútuo. Cada ação manifestando-se como real e sincera para o bem do outro. Beneficiar-se da amizade é coisa de inimigo. Amizade é um dos estágios superiores do amor ou para dedicar-se ao bem do outro, sem encher o saco, o que seria fruto da presunçosa superioridade e do egoísmo, usando a máxima lucrativa: “Melhor amigo na praça do que dinheiro no caixa”. Comparando-se o amigo ou a um banco para crédito ou a um banco de praça para se sentar, quando se estiver cansado, visão completamente utilitarista. Fazer o bem sem filtrar, sem pesar a ação da benéfica convivência, evitando o “toma lá, dá cá”, sob o diplomático dito: “Uma mão lava a outra”. Não se trata um verdadeiro amigo como objeto do utilitarismo. Amizades assim são fugazes, superficiais, circunstâncias materialmente vantajosas, como se fosse um mundo dos negócios. Esses seriam apenas conhecidos, colegas, propícias camaradagens, mas não amigos. Existem assim os que fazem pequenos favores para serem retribuídos pelos grandes benefícios. E quem fala mal de um amigo é o seu inimigo... O amigo sempre está disponível para fazer o bem, sem esperar algum troco. Pois a felicidade do amigo se satisfaz e se deleita em fazer o amigo feliz. E se entristece com a infelicidade do outro. Seria amigo aquele que se incomoda, por inveja, em razão do sucesso do amigo? Isso acontece, compara-se com o que ele chama de amigo e ao invejá-lo, chega até a odiá-lo. O bom sentido da amizade é a sinceridade altruísta e o seu gozo, a virtude de lhe fazer o bem.
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