É boa a notícia - dada pelo ministro da Saúde - de que nos próximos dias será liberada a aplicação da quarta dose (ou segunda de reforço) da vacina contra a Covid-19, para a população da faixa dos 50 aos 59 anos. Chega em boa hora, quando a população se prepara para, depois de dois anos de recolhimento, voltar às festas juninas (Santo Antonio, São Pedro e São João). Da mesma forma que após o Carnaval registrou-se o aumento no número de brasileiros testando positivo, o mesmo poderá ocorrer nas comemorações que vêm aí. Especialmente no Nordeste, onde a festa junina chega ser mais importante do que o Carnaval e em muitos pontos atrai turistas vindos de todo o país. Assim, poderá ser um fator adicional à proliferação do coronavírus. O recrudescimento pontual da Covid - hoje temos o maior número de testes positivos desde março - preocupa as autoridades mas não determina a volta de restrições, a não ser a pontualmente em escolas e outros estabelecimentos onde grande número de frequentadores contraiu o mal. Mesmo assim, inúmeros municípios, além de manter o programa de imunização, estão disponibilizando o teste rápido nas suas unidades de saúde. O raciocínio é que, quanto antes o indivíduo souber que está doente, menos transmitirá o mal porque entrará em isolamento, mesmo que seja domiciliar. Ainda há de se considerar que é baixo o risco dos vacinados contraírem a Covid na forma grave que exige internação, respiração assistida e pode levar à morte. Por isso, o reforço da quarta dose aos cinquentões é um importante elemento de enfraquecimento da pandemia, hoje já considerada por muitos como endemia ainda não oficializada. Felizmente, a bestial discussão política sobre a Covid-19 cessou. Os que procuravam lucro eleitoral ou o desgaste do governo não conseguiram manter o clima de desastre e muitos deles saíram do embate menos prestigiados do que antes da nefanda campanha. A notícia de que existe vacina em quantidade suficiente para atender a faixa dos 50 e até menor é tranquilizadora. O que ainda preocupa é a existência de 2,7 milhões de faltosos e mais de 10 milhões que não compareceram para receber o reforço (ou terceira dose), só no Estado de São Paulo. Nosso Estado possui população de 45 milhões; seus números nos possibilitam estimar o tamanho do problema em todo o Brasil, de 212 milhões de habitantes. Os informes dizem que a maior parte dos mortos por Covid no Brasil de hoje é composta pelos não vacinados ou por portadores de grandes comorbidades. Logo, o ato de fugir da vacina pode ser igualado a dar tiros no próprio pé. As autoridades e todas as forças da sociedade precisam se mobilizar para convencer os faltosos a colocar em dia o seu esquema vacinal, para ao mesmo tempo diminuir as chances de proliferação do vírus e, principalmente, preservar a própria vida. Lembrar que em sendo a vacina o único antídoto comprovadamente eficiente, não há porque rejeitá-lo sob o argumento de os estudos sobre seus efeitos ainda estarem em curso. Se a população toda fosse esperar as respostas vinda da ciência, muitos já teriam morrido e outros ainda pereceriam sem ter tempo para acessar as informações. Temos de viver o presente porque é o único tempo palpável. O passado pode ser apenas lembrado e fornecer exemplos; e o futuro ainda não existe pois para nele chegar depende do que fazemos no presente. Portanto, não há que se rejeitar o tratamento disponível só porque há a suposição de possíveis problemas no futuro. Cada ação no seu devido tempo. Se você ainda não o fez, vacine-se já... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
|