Da janela de um quinto andar, reparo nos telhados baixos das casas vizinhas, com suas cumeeiras altas cobertas de limo, mostrando a passagem do tempo ainda mais acentuada pelos efeitos das últimas chuvas. Mas o que me chama mesmo a atenção são os desenhos prateados do telhado ao lado, que arrancam faíscas ao sol da manhã. Se eu não tivesse passado por uma experiência de goteiras e infiltrações na recente chuvarada, poderia até pensar que pudessem ser alguma tentativa de contatos imediatos com algum marciano. Mas nada disso. As manchas luminosas são só reparos feitos com mantas de alumínio: a fita adesiva de efeito altamente colante, com alto poder de resistência, é uma mão na roda, não para contatos, mas para reparos imediatos. Meu pensamento voa para as tecnologias inventadas pelo homem. Seduzida pelo Lar Doce Lar, antes exibido aos sábados na TV, imagino a mágica que Marcelo Rosenbaun faria na minha casinha, enquanto eu passasse uns dias de prazeres em algum recanto perdido no mapa. Na volta, encontraria tudo novinho em folha sem uma infiltraçãozinha sequer que urgisse remendos. Êta, sonho! Se o quadro volta ao ar, quem sabe eu me inscreva!
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