O eleitor tem assistido - desde 3 de março - a formação das mais improváveis alianças políticas com vistas às próximas eleições. Tradicionais adversários, daqueles que trocavam insultos em campanha e fora dela, agora se unem vislumbrando a conquista do poder. E, até a sexta-feira próxima (1º de abril), muita coisa estranha ainda está para acontecer. O quadro me transporta a um tio que, no meu tempo de menino, afirmava que “político é tudo sem-vergonha”, ao ver ou saber que dois adversários se unirem e um saiu falando bem do outro. É por causa desse tipo de comportamento oportunista que rejeito a escolha do candidato preferido por razões emocionais ou pessoais. Quando o interesse deles fala mais alto, parece que esquecem tudo o que pregaram e se unem em nova configuração. Quem neles acreditou fica, no mínimo, chateado ou, até, revoltado. O eleitor, cuja única vantagem em participar é levar ao governo e ao Legislativo homens e mulheres que, na sua opinião, poderão trabalhar pelo desenvolvimento e bem-estar da comunidade, não deveria dar atenção às pregações destrutivas que uns e outros fazem em relação aos seus adversários. Não deve ter como inimigos os oponentes daqueles em quem votou ou pretende votar. Isso porque, pelo menos teoricamente, todos os que se apresentam como candidatos já passaram pelo crivo da lei e controle da Justiça Eleitoral e têm condições para concorrer e assumir. Se em algum lugar ocorre o contrário, é pura exceção e deve ser cuidada pela própria estrutura realizadora das eleições. No próprio interesse, o cidadão, dono do seu voto e influenciador do seu círculo familiar ou de amigos próximos, deve ser alguém medianamente isento. Não ser torcedor cego (boiada) de qualquer candidato ou partido, considerando que todos estão à sua disposição numa espécie de vitrine ou se poderá optar pelo que melhor atenda aos seus interesses. É para isso que existe campanha eleitoral, a oportunidade dos candidatos anunciarem o que pretendem executar se eleitos e, com base no que ouvir e ver, o eleitor decidir para quem envia o seu voto. Sem o fanatismo que políticos ardilosos e populistas procuram incutir ao povo, fica mais fácil praticar a verdadeira democracia. Outro ponto que o eleitor deveria observar. Ele não precisa ser de situação e nem de oposição. Seu único compromisso é, quando convocado, comparecer às urnas e ali depositar o seu voto, que é secreto e, caso nenhum dos concorrentes seja do seu agrado, pode ser nulo ou branco e não beneficiar ninguém. Já vi muitos eleitores que se tornaram fies partidários de determinados políticos e ao final acabaram decepcionados porque os políticos apenas os enxergam como números na época das eleições. É por causa disso que, para ser positiva, a definição dos votos não deve ser feita por ideologia, simpatia do candidato ou qualquer outro critério diferente d o programa prometido para a eleição presente. Isso evita a decepção que muitos já sentiram ao ver o seu escolhido delinquir ou simplesmente atuar como vaca de presépio, não justificando o voto recebido. Eleição, pensando bem, é coisa mais séria do que se pensa. Diferente da final do futebol. Na hora de decidir seu voto, pense em você e em sua família. Jamais no candidato, mas naquilo que ele apresenta como compromisso. Também é interessante, quando possível, verificar o que ele já fez na sua vida política e administrativa. Isso poderá melhorar em muito a qualidade dos eleitos... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
|