A blefarite é uma doença comum, que atinge as pálpebras. De nome difícil, a doença é cercada de mitos e desconhecimento
Poucas pessoas sabem, mas a blefarite, inflamação crônica nas pálpebras, é um dos problemas oftalmológicos mais comuns. Entre os sintomas estão o inchaço nas pálpebras, coceira, vermelhidão no globo ocular e nas pálpebras, sensibilidade à luz (fotofobia), ardência, perda de cílios e formação de crostas nas bordas das pálpebras que podem, literalmente, “grudar” os olhos. Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em doenças das pálpebras e Plástica Ocular, na maioria dos casos os dois olhos são afetados e os sintomas tendem a ser piores pela manhã. “As causas da blefarite podem variar. Mas, em geral, costuma estar associada a alterações nas glândulas de Meibômio, responsáveis pela produção e secreção da parte gordurosa do filme lacrimal”. Embora seja uma doença ocular comum, há muito desconhecimento em torno da blefarite. Por isso, com a ajuda da Dra. Tatiana Nahas vamos abordar os principais mitos e verdades sobre o assunto. 1- A blefarite não tem cura Verdade! A blefarite não tem cura, mas tem controle. Hoje, uma das maneiras de tratar a doença é a luz intensa pulsada que leva à remissão dos sintomas por tempo prolongado. O funcionamento da luz intensa pulsada está ligado ao seu efeito térmico, ou seja, o calor “amolece” o sebo e desobstrui as glândulas de Meibômio. É importante dizer que após o aquecimento, é preciso que o oftalmologista faça a remoção manual da secreção, algo que pode ser comparado a “espremer uma espinha”, para a efetividade do tratamento. 2- A blefarite é apenas uma espécie de caspa dos cílios Mito! Embora esse termo seja mais popular para entender a blefarite, não se trata de caspa. A blefarite é uma inflamação crônica nas pálpebras, ligada à obstrução das glândulas de Meibômio, que produzem a parte gordurosa das lágrimas. Entre os sintomas da blefarite está o acúmulo de secreção que pode se parecer com a caspa que surge no couro cabeludo. Porém, em alguns casos, a blefarite está ligada à dermatite seborreica, que pode piorar o quadro devido à produção em excesso de sebo pelas glândulas de Meibômio. 3- Reposição hormonal pode causar blefarite Verdade! Os hormônios têm uma influência importante nos casos da blefarite. Tanto a falta como o excesso dos hormônios sexuais predispõem à doença. A terapia de reposição hormonal, a menopausa, a andropausa e a colocação do chamado “chip da beleza”, bem como uso de suplementos que são percursores da testosterona, aumentam o risco de desenvolver a blefarite. 4- A blefarite é causada por ácaros Verdade. Nem todos os casos de blefarite tem ligação com a infestação dos ácaros Demodex. Porém, alguns estudos apontaram que nas pessoas com rosácea, uma doença inflamatória crônica na pele, a blefarite também está ligada a uma infestação desses micro-organismos. Eles se alimentam do sebo das glândulas de Meibômio e liberam substâncias que agravam a inflamação nas pálpebras. 5- A blefarite pode causar a perda da visão Mito. A blefarite atinge as pálpebras. A visão depende do bom funcionamento do globo ocular. Portanto, são estruturas distintas. Contudo, em casos extremos, pode causar alguns problemas mais sérios que podem colocar a visão em risco, principalmente quando afetam a córnea. Mas, são casos muito raros. 6- A blefarite causa terçol Verdade! O terçol é uma infecção que ocorre nas bordas das pálpebras e pode surgir como consequência da inflamação crônica causada pela blefarite. A boa notícia é que o terçol é uma condição autolimitada, ou seja, sua resolução é espontânea. Vale dizer que, infelizmente, quando as crises de blefarite são recorrentes, a chance de ter terçol de repetição é bem maior. Nesses casos, a luz intensa pulsada é bastante eficaz para reduzir as crises de blefarite e, consequentemente, o surgimento de um terçol. 7- A blefarite é a mesma coisa que olho seco Mito! Porém, a blefarite pode causar o olho seco. A principal função das glândulas de Meibômio, é produzir e secretar uma substância oleosa, chamada de meibum, que impede a evaporação do filme lacrimal. Porém, quando há alguma alteração nessas glândulas, podem ocorrer mudanças na quantidade ou na qualidade do meibum, com prejuízo para o filme lacrimal. A consequência, portanto, pode ser o desenvolvimento do olho seco. 8- Quem tem blefarite precisa limpar as pálpebras todo dia Verdade! Uma vez que a blefarite leva ao acúmulo de secreção e crostas nas pálpebras, é fundamental fazer a higiene diária na região. Um dos principais motivos para limpar as pálpebras é evitar que essa secreção cause uma infecção secundária, bem como piore a inflamação. Como fazer a higiene das pálpebras 1. Aquecimento das pálpebras: Como as secreções ficam endurecidas, é preciso aquecer para desgrudar e não machucar a pele. O ideal é fazer uma compressa com água morna e deixar de 3 a 5 minutos em cada olho. 2. Massagem: Depois, é preciso fazer uma massagem sútil de fora para dentro para eliminar a secreção acumulada. 3. Limpeza das pálpebras e dos cílios: O médico pode indicar um produto específico para essa etapa, ou você pode usar xampu neutro infantil diluído em água. Com a ponta dos dedos, limpe as pálpebras e os cílios. Massageie suavemente, com movimentos circulares.
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