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Opinião
22/03/2022 - 06h30
Os efeitos das guerras
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

Neste mundo conturbado a questão é “o que as pessoas querem”. As redes sociais fazem tudo para manter as pessoas presas às ninharias da vida, sem o foco enobrecedor, e assim elas acabam caindo na indolência quando deveriam estar ativas nos pensamentos e ações. Na verdade, são as trevas influenciando a todos que insistem em permanecer ao seu alcance. O medo povoa a cabeça dos desatentos com as comunicações que acolhem.

As transformações na economia vêm ocorrendo mais aceleradamente desde o início do século. A desvalorização cambial, a pandemia, a nova guerra, tudo atuando como disparos sequenciais, enfraquecendo nações, ampliando a precarização e indo bater lá na China que deve estar com encalhe de produtos. As frustrações com a economia globalizada deram novo toque ao nacionalismo econômico, cujo problema é a falta de governantes sérios empenhados na melhoria geral sem causar danos aos outros, e que em função da cobiça, facilmente cedem concessões aos interesses externos à custa do atraso da própria nação.

Milhões de pessoas estão fugindo da pátria ucraniana; seria também a consequência de erro de planejamento do governo que, ao invés de cuidar dos interesses nacionais se deixou envolver pelos acenos do ocidente de histórico oportunista? É incompreensível como os EUA viram seu modelo econômico ser seriamente prejudicado pela crise financeira de 2008, mirando o sonho, se deixando estagnar sem recuperar o terreno perdido. A ascensão global da China e o declínio estratégico dos EUA representam um desafio político que os americanos nunca imaginaram.

As guerras sempre trazem efeitos nocivos não só para as populações civis dos países envolvidos, mas acabam abrangendo todas as pessoas no mundo todo. Apesar disso, sempre haverá os que ganham com as guerras, chegando mesmo a provocar conflitos. Os efeitos danosos vão se expandindo, detonando a economia, fragilizando os estados-nação. Enquanto os grupos de líderes do planeta estiverem obtendo ganhos, avançando em seus objetivos e achando que tudo está sob controle, a guerra permanecerá no estilo convencional, com venda de armas financiadas e uso de mercenários. Mas se por algum fator imprevisto bater o desespero, o conflito regional poderá se expandir dando espaço para a temida terceira guerra mundial, com a utilização dos armamentos construídos para destruição em massa.

O que se observa no Brasil é a guerra pelo poder, e já estão sendo agitadas bandeiras com fins eleitoreiros na busca de um culpado sobre: as mortes durante a pandemia; a destruição do meio ambiente; o desemprego e preço dos combustíveis; a diplomacia e a crise econômica. Difícil saber o que é realmente verdade, mas também se observa maior respeito com dinheiro público e com a solução de problemas que perturbam há décadas. Difícil saber o que é realmente verdade.

Os recursos naturais do Brasil têm sido cobiçados e dilapidados desde o descobrimento, e também o dinheiro público, o que explica muitas mazelas, enquanto a miséria material e espiritual vai aumentando. Uma grande tempestade se abate sobre a nação visando o desmanche das estruturas econômicas, nacionais e psicoemocionais. Aguenta Brasil. Um novo sol há de brilhar em breve. Após a deliberada paulada na indústria, o setor agropecuário desponta com a vocação para ser o grande celeiro, despertando cobiça e ações especulativas.

Estamos na época da grande colheita de todas as ações da humanidade, mas predominam frutos amargos produzidos pela mentira, cobiça, indolência, e da permanência dos seres humanos fora do papel que lhes cabe no planeta. Urge ajustar a sementeira visando alvos enobrecedores.

Qual o significado dessa tragédia mundial que estamos vivendo? E o Brasil, por que tem tantas dificuldades para sair do buraco do atraso? Não modernizamos a produção industrial e agora o frágil mercado interno recebe duros golpes que vão prejudicar o consumo. Influenciados pelas sementes da insatisfação e ódio, não estamos enxergando o essencial. Falta união em torno da construção de um Brasil sério, acolhedor de seres humanos que visam a paz, o aprimoramento humano, e a felicidade. O Brasil precisa de estadistas sábios, competentes, empenhados no progresso real. Precisa fortalecer o preparo da população para uma vida construtiva, benéfica. Sem isso, permanecemos dominados e manipulados pelos predadores.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

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