Em poucas palavras, o drama das novas gerações do Brasil é decorrente do fato que grande parte da população está fora do processo produtivo. Faltam empreendimentos, empregos e renda. Está faltando bom preparo para a vida, trabalho, saúde, bom senso, discernimento, responsabilidade e clareza no pensar. Assim, as pessoas permanecem meio sem rumo e requerendo amparo do Estado para sobreviver, o que aumenta a dependência e amplia a indolência. Cerca de 50% dos jovens estão com baixa qualificação e fora da escola, e acabam ficando também fora do mercado de trabalho, sem oportunidade de serem integrados numa atividade produtiva. O que se pode fazer para deter esse processo destrutivo? Em cada 10 brasileiros, 3, isto é, cerca de 30% da população apresenta muita dificuldade para ler, escrever e fazer operações matemáticas e aritméticas simples do dia a dia, e sem conseguir reconhecer informações em um catálogo ou manual de instruções. Enquanto a população ia sendo iludida com a ideia de um Brasil grande, um abismo começou a se abrir. Empregos com bons salários estão ficando cada vez mais escassos. As tarefas são subdivididas e os trabalhos ficam repetitivos, enfadonhos e com remuneração mínima. A esperança de melhores dias se reduz e a população se deixa contaminar pelo desânimo. Tanto nas escolas privadas mais elitizadas, como nas públicas, falta uma educação que vise o cultivo do aprimoramento espiritual humano. Assim nunca formamos os seres realmente humanos, aptos e dispostos a examinar e analisar objetivamente o sentido da vida para construir tudo de forma a beneficiar à coletividade. Esse é o nosso mundo do qual todos nós temos responsabilidade na sua gestação. O desequilíbrio econômico ocorre porque as nações querem exportar o máximo e importar o mínimo e para isso usam todos os meios de que dispõem. Por isso mesmo temos de nos adaptar da melhor forma para buscarmos a superação e um futuro melhor. A lamentável tragédia de 2011 em Petrópolis se repete em 2022, mas isso não podia ter acontecido no Brasil com seus 8.514.876 km². Faltou gestão pública. Há tantos municípios, prefeitos, vereadores, governadores e deputados, mas o que eles fizeram em todo o século 20 e em relação à ocupação inadequada e moradias em situação de risco? Descuidaram da educação e preparo das novas gerações. A natureza vai dando seus alertas, mas quem os observa? Até que um dia acontece a catástrofe. A invasão cultural também deu a sua contribuição para o emburrecimento e enfraquecimento da cultura. Os cinemas atraíam os adultos, jovens, crianças e as famílias para assistirem os filmes com imagem, cores, sons, belas histórias românticas e de aventuras em que o bem vencia o mal, e os maus eram punidos. Entretenimento e aprendizado, mas também uma poderosa engrenagem influenciando e direcionando o pensar das pessoas. Existem exceções, mas os filmes, em geral, passaram a ser violentos, imorais e tóxicos, com histórias fracas. O cinema foi perdendo a força, embora ainda conserve a magia das telonas. Veio a TV exibindo telejornais, novelas, seriados e filmes. Os acontecimentos em destaque nas TVs muitas vezes trazem imagens da frieza de seres humanos sem coração que adentram no cérebro das pessoas e aos poucos vão engessando as almas com maldades. A visão da eternidade ficou perdida diante da crença que a vida é uma só e tudo acaba com a morte terrena. Raramente se vê uma atitude decente de solidariedade e justiça nos filmes, pois falta amor e sinceridade entre os personagens. O dinheiro é de grande importância, mas ao impor a primazia monetária, os sistemas econômicos caminharam para extremos prejudiciais, pois se a finalidade da economia for buscar melhores condições de vida, a produção tem de conduzir o processo de acordo com as necessidades da população. No entanto, ocorreu uma inversão; a produção ficou submetida aos interesses do dinheiro, porém é o dinheiro que deveria se submeter às necessidades de produção, trabalho e consumo. Em todas as nações endividadas chegou-se aos extremos com produção baixa e inflação alta. O aumento de moeda de quatro vezes nos EUA tinha de acarretar desordem financeira que se esparrama pelo mundo. Da China pouco se sabe, mas permanece fabricando e exportando. Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br
|