A Razão convidou a Emoção para um almoço de negócios. Queria provar que sempre tinha razão e por essa razão ia pedir à concorrente que tirasse o time de campo. A Emoção se pôs toda bonita no seu leve vestido vermelho e partiu ao encontro da sisuda senhora, que tinha sempre um pé atrás para com sua pessoa. Encontrou-a vestida de cinza, toda trabalhada nos neurônios - com cara de quem sabia bem o que pesava. A Emoção, afastando uma mecha brincalhona na testa, e usando o seu tom mais delicado, instigou-a - Pois, vamos lá, Dona Razão! A Razão cruzou as pernas, fez um olhar distante e inteligente, foi dura, firme e taxativa: o mundo era dos racionais e os sentimentais deveriam se reconhecer como lado frágil da relação. Assim sendo, ela, a Emoção devia se recolher a seu segundo plano - lugar, aliás, de onde nunca deveria ter saído. Não via a força dos homens, seres estritamente racionais? Não via a fragilidade das mulheres, seres conhecidos pelas tolas emoções? O mundo dizia, assim o era... A Emoção ouviu tudo calada e não conteve a emoção. Mas que disparate era aquele? Será que o mundo sobreviveria sendo apenas racional? Sem chance! Explicou, argumentou, convenceu: - Quem se diz Razão não reconhece o valor do meio-termo? A Razão, rendida pela emoção, engoliu a própria vaidade e partiu completamente sem razão.
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