Quanto custa ser feliz? Depende. E depende principalmente do que a gente entende por felicidade. Há uma antiga canção, interpretada pelo Odair José, com versos que juram: Felicidade não existe / O que existe na vida são momentos felizes. Letra cheia de razão, nunca mais parei de concordar com ela. O motivo é um só: a felicidade é um estado. Assim, a gente não é feliz, a gente está feliz... ou não, já que a vida é elástica, e o que é nesse momento, no próximo já não será. Diz a Filosofia, um dos anseios mais profundos e antigos do homem é a busca da felicidade. Por esse motivo, está sempre a projetá-la nos planos profissionais, nas relações amorosas, nas mínimas conquistas do dia a dia. Se a gente chega lá, quem vai saber? Mas no fundo, ou no raso, é atrás da cobiçada senhora Felicidade que a gente quer ir por tudo que pensa, imagina ou faz. Mas Caetano já compôs também que a Felicidade foi-se embora, e aí? Como é que fica? Trancou a porta e jogou a chave fora. Bobagem. Um dia ela volta, sim. Ela só não é de promessas, ou hora marcada. Mesmo porque, não pode se garantir, muito menos se comprometer. Principalmente depois que espalharam que o ser feliz acontece é de dentro pra fora. Apostar numa felicidade que vem do outro, portanto, é passar recibo ao fracasso. A gente até bate à porta da nobre senhora pedindo para entrar. Mas só até entender que é ela quem mora do nosso lado de dentro... Como se sabe, a gente não sabe mesmo de nada.
|