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Opinião
18/02/2022 - 05h38
A economia vai bem...
Dirceu Cardoso Gonçalves
 
... apesar do embate político-ideológico

Em janeiro e fevereiro. o Ibovespa, o principal do mercado brasileiro de ações, subiu 9,5% e o dólar caiu 7,45%. Desde os bancos escolares nos foi ensinado que quando o mercado sobe e a moeda estrangeira cai é sinal de que estamos indo bem. E, mesmo sob o impacto da pandemia do coronavírus, o Brasil fechou o ano passado com números positivos na economia como o superávit na balança comercial e crescimento de 4.5% no PIB (Produto Interno Bruto). Fala-se da geração de milhares de empregos e de outros pontos positivos. Até aí, tudo bem. O que incomoda é a interpretação que se dá aos indicadores, muito ao sabor do posicionamento político, ideológico e até acadêmico dos ditos “analistas”. O pessoal à direita tece elogios a Bolsonaro e os seus opositores procuram ver o outro lado da pedra, atribuindo-lhe responsabilidades até por problemas pré-existentes ao seu governo como o desemprego, por exemplo. Faz-se, também, o temerário debate sobre o jeito que se tratou a Covid-19. E o pior é que os políticos buscam lucro eleitoral dentro da desgraça que se abateu sobre o povo até agora custou a vida de 640 mil brasileiros.

O Brasil, como todos os países, tem problemas a resolver para, com isso, melhor aproveitar as suas potencialidades em benefício da população. Mas o principal gargalo, salvo melhor juízo, está no debate alarmista e até desonesto que rege a política, a economia e a própria sociedade. Os ativistas vestidos de analistas - muitos deles que estudaram gratuitamente em escolas públicas - centram sua atividade no debate ideológico quando deveriam empregar aquilo que lhes foi oferecido na universidade para alavancar o país como um todo e acima de direita, esquerda ou centro de qualquer liderança. Se atuassem voltados apenas aos problemas e não em busca de supostos culpados, fariam melhor trabalho pela sociedade e principalmente pelos milhões de brasileiros que vivem em má situação econômica.

Os indicadores econômicos de uma época dependem muito mais do andamento dos mercados do que de ações do governo, dos parlamentares ou de quem quer que seja. Os agentes públicos, se não atrapalharem, já estarão fazendo um grande favor à economia nacional. Mas, se quiserem, podem ajudar, com projetos que venham a incentivar as atividades e fazer com que aquilo que importamos chegue a preços mais acessíveis e nossos produtos frequentem o mercado com valores justos, que remunerem o produtor mas não penalizem o consumidor. Para isso acontecer, basta apenas que os agentes oficiais toquem a bola para a frente, cuidando da infraestrutura e de atividades que possam beneficiar a atividade econômica. O grande indutor da economia, se bem analisado, é o setor privado que nela investe seu capital e se não tiver equilíbrio pode perdê-lo. Está aí o agronegócio como prova disso. A área não é largamente politizada e, talvez por isso, vai bem, servindo de sustentáculo à economia brasileira.

Agora, no ano eleitoral, teremos de suportar o ativismo exacerbado dos que querem “ganhar no grito”. O eleitor que, numa boa parcela faz como o avestruz (que, segundo o dito popular, na hora do perigo, enfia a cabeça na areia para ter a sensação de que tudo está bem, mas deixa o traseiro exposto) deveria se interessar pela vida pública dos que lhes pedem o voto para evitar continuar elegendo indivíduos que não correspondem aos seus interesses ou meros criminosos cheios de processos ardilosamente administrados a peso de ouro para evitar de se tornarem fichas sujas e tenham de abandonar a vida pública...

No próximo mês teremos a revoada de políticos - especialmente os deputados e vereadores - mudando de partido. O eleitor, em vez de ignorá-los, deve prestar atenção nesse movimento. Saber o que os políticos estiveram fazendo nos últimos tempos. Só assim correrão menos risco de votar em indivíduos inadequados que, em vez de ajudar, costumam agravar os problemas do povo. Só existem maus políticos porque o povo vota mal.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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