Como todos nós muito bem sabemos, quando o assunto é a tal da educação, ela acaba sendo, invariavelmente, a última a ser lembrada e a primeira a ser esquecida. Admita-se ou não, a preocupação número um dos governantes, e burocratas politicamente indicados, não é com o aprendizado e com a formação que as tenras gerações estão recebendo, mas sim, com os índices [maquiados] de aprovação que poderão ser apresentados publicamente ao término do ano letivo. Reconheça-se ou não, o anseio primeiro de muitíssimos pais e responsáveis, quando o assunto é seu rebento devidamente matriculado, não é se ele está realmente dedicando-se de forma zelosa para cumprir com suas obrigações estudantis, mas sim, se ele será aprovado ao final do ano, tenha ele feito isso por merecer ou não. E ai daqueles que ousarem lembrar que não existe educação sem correção. Infeliz de quem quiser insistir em lembrar a todos que não há ensino onde não existe a possibilidade de reprovação. O pobre coitado acabará sendo rotulado como um indivíduo retrógrado e sem coração. Ora, como pode haver aprendizado onde o erro não pode ser corrigido? Que tipo de crescimento será erigido onde a desídia não pode ser repreendida? Que caráter poderá ser bem formado onde a disciplina e a retidão não encontram parâmetros sólidos para o seu devido cultivo? Perguntas e mais perguntas que as autoridades não querem ouvir e tem raiva de qualquer um que ouse levantá-las e respondê-las. Enfim, por essas e outras que, como havíamos dito, quando o assunto é a tal da educação, ela acaba sendo, invariavelmente, a última a ser edificada e a primeira a ser mutilada e desconstruída.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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