Verdes anos! Assim se diz do que foi há muito. Éramos uma turma boa no ginásio - uns 40 alunos numa classe do que hoje seria um 6º ano. Mas não importam quantos, a gente sempre escolhe alguém para amigo de confiança. Célia e eu nos escolhemos. Fizemos uma dupla boa pra lá de inseparável. Na aula de Desenho da excelente Dona Carminha, aprendíamos sobre as cores. Foi um susto descobrir que o verde depende do azul e do amarelo para sobreviver. Em plena aula de Desenho, me apaixonei pelo verde. E a Célia também - em caso de melhores amigas tem isto: o que uma gosta, a outra cisma que ama. Apaixonadas pelo verde, adotamos a cor em todos os tons, pintávamos o sete de verde. Tudo ia bem até a Célia descobrir que Toninho - o menino que gostávamos juntas - gostava de garotas com olhos verdes. Não sei de onde a Célia tirou a ideia, mas resolveu que teria olhos verdes. E foi à luta. Pingou meio limão em cada olho para esverdear as íris cor de mel. Esverdeou? Ah, tá! Foi mesmo só a gritaria da mocinha pelos olhos ardendo. O verde é lindo, e a gente torce muito pelo verde que te quero verde presente nos presentes da Natureza. Continuamos verdes de esperança, e apostando pesado! Duro mesmo foi descobrir lá nos verdes anos que o Toninho gostava era dos olhos de jabuticaba. Tanto que escolheu a Zezinha, nossa medonha rival de belos olhos pretíssimos. A mim e à Célia restou apenas ficarmos verdes de raiva.
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