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Opinião
07/02/2022 - 05h43
Vontade intuitiva
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

O ser humano é dotado da vontade intuitiva, proveniente do eu interior, que o conecta com a força espiritual que perpassa a obra da Criação. E também possui a vontade mental proveniente da região cerebral. Já a vontade intuitiva se tem enfraquecido no correr dos séculos, e mais ainda nos tempos atuais, dando espaço para a vontade mental. Tanto isso é fato que cientistas buscam interferir na vontade mental, para fins de controle, através de processos psicossociais, cogitando também de interferir diretamente no cérebro humano utilizando componentes eletrônicos.

Falam em separar o cérebro do corpo envelhecido e criar uma vida digital, passando os dados para um computador. O que deu para entender é que se espera criar um arquivo digital e um programa, mas o que é da terra fica na terra, pois o espírito segue sua jornada em conformidade com o que tiver semeado.

Tudo que possa ser feito para o melhor funcionamento do cérebro é aceitável, mas ignorar e sufocar a vontade intuitiva equivale a despersonalizar o ser humano, transformando-o num autômato, já que não se esforçou para se desenvolver espiritualmente como legítimo ser humano com vontade própria, individualizada, destinada a fortalecer a autoconsciência e o autoaprimoramento; o oposto a isso é o declínio da humanidade, que não subsistirá sem que haja bom preparo das novas gerações, integrado com o estudo do funcionamento das leis da natureza.

A Terra era para ser um paraíso, mas quem ainda olha para o Alto? Olhando para o lado o que vemos é o descalabro avançando. Em 2022, mantenha os olhos bem abertos para começar bem e ter um ano novo proveitoso e feliz, vivendo o presente, fortalecendo a vontade intuitiva, analisando e refletindo, construindo um futuro melhor.

Os países se encontram em grave situação; as lideranças e a classe política não se empenharam por bom governo que agisse em conformidade com o significado maior da vida. A atividade humana ficou subordinada a objetivos mesquinhos e cobiça por dinheiro, ao mesmo tempo em que o descontentamento foi sendo represado em barragens, e agora insatisfação e desalento irrompem pelo mundo. Difícil achar boa vontade na política, e mesmo ela tem grande dificuldade para agir em meio a avalanche de interesses que se precipita.

Não só no Brasil e na Argentina, o desarranjo monetário e cambial é geral. Isso vem se arrastando há décadas, sem que o equilíbrio fosse alcançado, aplicando-se o receituário de aumento de juros e austeridade. Agora há murmúrios de que a hegemonia do dólar poderá ser retirada, mas trocar de moeda não vai resolver os problemas estruturais criados pelo controle do dinheiro por grupos de interesses próprios desinteressados do progresso efetivo da humanidade.

Quem define o câmbio do dólar, quer dizer, o preço do dólar em relação às demais moedas? Vai dizer que é o mercado? E o que dizer dos juros, se baixos, os dólares correm atrás de quem lhes deem mais. A economia globalizada depende da moeda mundial, no caso o dólar, o que dá margem a muitas manipulações lucrativas. A China se beneficiou com a valorização das moedas nacionais. Esse país importou muito em dólar, o qual estando mais caro, encareceu as importações e impactou na produção chinesa. E se houvesse a moeda mundial única para todos os países, como na Europa, em que o euro é a moeda de todos os países do grupo? Pode ser que o mundo esteja caminhando para isso, mas o x da questão é: quem vai controlar esse dinheirão? Certamente quem o fará vai controlar o mundo.

Juros são o aluguel do dólar. Turquia e Brasil mexeram para reduzir seu valor e o dólar foi diminuindo, e o preço aumentando, repercutindo na inflação. No Brasil, os governantes tiveram mais de 70 anos para tentar reduzir a dependência financeira, porém em vez disso conseguiram aumentá-la. O que é realmente importante na economia? Empregos, produção, qualidade de vida, bom preparo das novas gerações. Os economistas viraram agentes financeiros e esqueceram que a vida é atividade beneficiadora, sobrevivência condigna e progresso.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

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