Solidão é lava que cobre tudo, afirmou Paulinho da Viola num dos seu grandes sambas, A Dança da Solidão. O Houaiss diz que solidão é estado de quem está ou se sente só. Concordo com o sambista e o dicionário. No entanto, a solidão pode, às vezes, não ser negativa. Ela pode durante a vida ser necessária, ou seja, funcionar como solitude, que é um estado de isolamento positivo. Sim, há momentos que a pessoa precisa recorrer à solidão tipo privacidade. São os momentos de reflexão, balanço da vida, meditação, enfim, tempo para pensar. Vejam bem, às vezes estamos no meio de uma multidão e nos sentimos sós. Mas às vezes estamos sós e conversamos com Deus. Ninguém reza de verdade em meio a multidão. Nem reflete. A solidão positiva é necessária. Tem mais, quando envelhecemos ficamos meio isolados. Triste? Não. Dizia Bergman, o cineasta: "Envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto escala as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais completa e mais serena". Por fim aos que como eu estão envelhecendo, no outono da vida, aconselho não entristecer e nem virar vinagre, não azedar. Fazer o que Dom Helder sugeriu: envelhecer como os vinhos envelhecem, tornando-se melhores. Nada como citar uma frase de Garcia Márquez: "O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto com a solidão". Bingo. Inté.
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