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Opinião
05/02/2022 - 05h53
Perdido no meio do matagal da vida
Dartagnan da Silva Zanela
 

Tudo, praticamente tudo, que vemos hoje sendo incensado pelo nosso incauto olhar desejoso, acaba se enquadrando dentro de um punhadinho de preguiçosas fórmulas fáceis. Fórmulas essas que vão desde meia-dúzia de regras para se “dar bem” em qualquer situação, ou com qualquer tranqueira, chegando até aos inúmeros macetes “infalíveis” que são ditados pelos magos do marketing digital dos desesperados.

Não há dúvida alguma que existem inúmeras situações e perrengues que clamam por uma solução simples, rápida e direta, ao estilo “faça você mesmo”, claro que há. E ainda bem que existem pessoas que conhecem esses caminhos e atalhos que tanto facilitam a nossa porca vida.

Porém, há inúmeras outras pendengas que são vividas por nós que não podem, de jeito maneira, ser realmente encaradas e resolvidas com o auxílio de meia dúzia de macetes, 3/4 de palavras-gatilho, duas colheres de chá de motivação e uma pitada de maquiagem, principalmente se tudo isso estiver sendo vendido para nós com uma embalagem de feição [supostamente] “estóica”, similar as bundas tão bem retratadas pela revista “Caras” e similares.

Obviamente que podemos encontrar algo de bom em tudo, inclusive nas coisas que não valem um vintém furado. Algo sempre se aproveita. Porém, essa nossa mania pra lá de esquisita e ficarmos chafurdando na lama das mídias digitais à procura de alguma orientação aqui, um cadinho de direção acolá, é algo que apenas atesta o quanto estamos sem rumo no matagal da vida.

E é claro que esse que vos escrevinha não tem uma resposta cabal para as questões fundamentais que atormentam a nossa época, tendo em vista que, enquanto mísero ser humano que sou, não as tenho nem mesmo para as questões que tanto me desassossegam. Entretanto, creio que mal não faria, e não fará, se procurarmos voltar os nossos olhos para as pessoas que estão próximas de nós para procurarmos ser pessoas minimamente úteis e generosas.

Tal atitude, provavelmente, não irá responder todas as nossas questões existenciais que tanto nos inquietam, mas, com certeza, como dois e dois são quatro, tal postura irá transubstanciar nossa maneira de encarar a vida e os seus dilemas e isso, admitamos ou não, faz uma tremenda diferença.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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