A produção do mundo do trabalho continua poluindo o meio ambiente, há muito tempo, infernizando a Natureza. Tudo em demasia, ele vomita lixo nas ruas, nas nossas casas, nos nossos jardins e matas, nos rios, no mar e no ar. Assim, não encontraremos um espaço sadio, em breve, para respirarmos em paz. Até o silêncio é atacado por barulhos e sons infernais. A natureza, simbolizada pela árvore, golpeada, sangra, adoece em todos os sentidos e morre, sem sementes de renovação. Vão-se as matas, as florestas e os animais; aos campos vem a seca; às cidades, a inundação; e às nossas casas, as doenças, coletivamente, em forma de pandemia. Parece ser tudo em série, como se fosse padronizado e programado para que assim acontecesse. É dito que a esperança é a última que morre, mas morre. Essa esperança seria o mundo se conscientizar dessas desgraças, suas causas e seus efeitos. E, coletivamente, todos os países unidos procurarem, sem interesses particulares, o Bem-Comum, o bem de todos, para a Terra voltar a ser o nosso habitat, e quanto antes, não há tempo a perder. Não estamos no tempo da clepsidra, tempus urget; as horas correm e velozes nos nossos moderníssimos relógios, cada vez mais precisos e personalizados. Nossa história tem sido uma marcha linear e, dessa maneira, irreversível; dividida em séculos, que passam rápido... As vacinas e os remédios não curarão a causa da doença coletiva: individualismo e ganância; não restituirão a nossa liberdade de sairmos de casa, do nosso lazer nos jardins, de, sem medo de doença ou de violência, dos nossos encontros nas praças e logradouros públicos. Os filmes, há tempo, profetizam catástrofes, como predisseram o advento de avançadas tecnologias na comunicação e nos transportes. Até mesmo chegam a prever os choques de asteroides contra o nosso planeta, como se fossem centenas de vezes mais potentes e destrutíveis do que as possantes armas nucleares. Esses próprios filmes arremedam um happy end individualista: poucas selecionadas e privilegiadas pessoas teriam ainda a prerrogativa de tomarem uma espaçonave que os levaria a viverem noutro planeta. E por que não preservar nossas casas, nossa Terra? Esta preservação só é relegada ao último plano, com a finalidade de se continuar inalterado o ritmo de produção, tudo em função do lucro. Pois é, no Inferno, da Divina Comédia, Dante Alighieri adverte: “(...) o mal previsto vem mais lentamente”. Mas, vem... Como diz o provérbio mais do que popular: “Mais vale prevenir do que remediar”. O mau pode piorar, mas com a consciente boa vontade, o bom poderá ser melhor. Durante minhas férias, trabalhava na Alemanha, e assim em várias cidades, aprendi um construtivo otimismo nas saudações. Perguntava-se: “Tudo bem? Respondia-se: “Tudo, mas tudo pode ser melhor”... Em nome das crianças, em nome das futuras gerações, tripliquemos nossas consciências, nossos esforços e empenhos para que o mundo higienize e sanitize o próprio mundo, não importa qual seja sua função profissional ou sua cota de responsabilidade, enfim, haverá a soma de todos nós na corresponsabilidade de todos. Nesse sentido, estimule-se a educação, seja em casa, seja pública, seja privada, para que todos, desde a infância e a adolescência, tenham essa altruísta consciência. Sejamos do bem, nas palavras e nas ações. Como existir o bem sem ele ser praticado, quando a prática do bem decorre da prática da justiça? Tal felicidade, que Platão chamava eudaimonia, parecerá frágil e lenta, mas com a sua participação, tornar-se-á forte e veloz, no voo de muitas asas.
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