As altas temperaturas que atingiram a região Sul do País parecem ter afetado alguns moradores da conhecida Cidade Canção, localizada no noroeste paranaense. A pujante Maringá foi palco de estripulias de meia dúzia de (até então) respeitáveis senhores, que provavelmente pelo efeito do calor excessivo e devidamente acompanhados de muitos goles a mais, resolveram instalar uma piscina de fibra em plena via pública. Sem se importar com os transeuntes e as lentes dos modernos smartphones, transformaram o local destinado a estacionamento de veículos em seu resort temporário particular, expondo uma formação moral de altíssimo nível, quase à altura da guia rebaixada da calçada. Em que pese a intenção primeira em satirizar as agruras do clima, a cena ridícula a que se prestaram evidencia o descompromisso total para com o respeito ao próximo e ao trânsito no local. Como o advento da pandemia, esse tipo de comportamento tem sido verificado com frequência. Tem-se a impressão de que as pessoas sentem necessidade em tomar certas atitudes outrora impensadas, mas que na atualidade são toleradas e até aplaudidas pela ousadia na consecução do ato. Na verdade, o mundo atual está se transformando em um enorme reality show, tudo divulgado pelas redes sociais. Qualquer acontecimento é motivo para “bombar” na Web, obviamente com a anuência e a participação direta de milhares de usuários. Cada vez mais estaremos à mercê de alguns toques na tela colorida e absolutamente nada de sensato na cabeça para estimular polêmicas totalmente desnecessárias, como a dos folgados calorentos da arborizada Maringá. Haveriam os atrevidos cabeças-de-bagre de serem enquadrados e responsabilizados nas letras da legislação vigente para que cenas desse tipo não mais fizessem parte do anedotário provinciano local. O ato extravagante ainda mostrou o escárnio indisfarçado diante das medidas de prevenção à pandemia, uma vez que os participantes do improvisado “refresco público” sequer utilizavam máscaras. É evidente de que tudo não passou de uma brincadeira (de mau gosto), por conta da prevalência das altas temperaturas. Ocorre que certos limites jamais deveriam ser ultrapassados, mesmo entre amigos, porque tudo aconteceu em uma via pública, ao alcance dos olhares de toda a população. Se a intenção foi a de chamar a atenção, de fato atingiram o objetivo. Mas seria interessante que aventuras domingueiras daquele naipe sejam realizadas preferencialmente em local adequado. E aos protagonistas despudorados, vale aquele ditado popular muito conhecido: “Dize-me com quem andas, que direi quem tu és...” Nota do Editor: José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva, PR.
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