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Opinião
28/01/2022 - 05h28
Aluna dos meus alunos
Michelle Floriani
 

Tempo, partilha, generosidade. Parecem termos saídos de um conto de Natal, mas são lições, palavras que me atravessam no cotidiano de convivência com alunos e crianças. Para mim, cada uma delas pode ser entendida como um ensinamento aprendido, sentido e absorvido no encontro entre sujeitos. A escola e a sala de aula são assim: espaços de encontros. Neles convivemos, trocamos, acolhemos, construímos parcerias, estabelecemos vínculos, respeitamos uns aos outros.

O tempo nos permite conhecer quem são as crianças e os alunos, fortalece os laços de afeto e mostra que aprender não está no calendário ou no relógio, mas no tempo que dispomos para o diálogo, a observação, as tentativas e as descobertas. Nos intervalos que oferecemos para a compreensão de que cada um aprende no seu momento, a partir das suas vivências e trajetórias, que são partilhadas nos espaços escolares. Por isso, um professor nunca é apenas professor. Também é aluno - e aprende todos os dias, renova seu universo de conhecimentos, volta às carteiras da infância e recupera a chance de usar de novo cada uma das cores disponíveis na caixa de giz de cera.

Para viver esse resgate, é preciso partilhar conhecimentos, saberes, informações, histórias de vida e vivências, refletir sobre os acontecimentos e conteúdos, experienciar. Ter generosidade na escuta e no diálogo. Buscar nas crianças e alunos suas potências e referências e costurar com os saberes escolares, uma vez que eles chegam aos espaços pedagógicos conhecedores do mundo.

Toda a sociedade ganha quando somos alunos dos nossos alunos. Podemos exercitar essa prática por meio de uma escuta sensível e um olhar atento para com as crianças e alunos, reconhecendo suas histórias e abraçando suas trajetórias. Reconhecer que a aprendizagem também acontece fora da escola, nos diversos espaços de convívio, e que, ao chegar, os pequenos têm muito a acrescentar.

Quando escuta e abre espaço para o diálogo sobre os assuntos abordados em sala de aula, o professor tem a oportunidade de se apropriar das visões de mundo de seus estudantes, especialmente porque eles circulam em espaços de informação diferentes. Isso inclui a tecnologia, as redes sociais, a mídia, as brincadeiras e jogos, as leituras, os espaços sociais, as referências familiares. Todo esse conjunto abre espaço para a diversidade e favorece o estar do professor no espaço dos alunos. É a troca entre gerações que propicia a transição de uma escola rígida, marcada pelas filas, o silêncio, o medo, a transmissão de conteúdos, a mecanização e as escolhas unilaterais para uma escola dialógica, que constrói coletivamente, com sujeitos - professores, alunos, crianças e comunidade - pertencentes, que faz das práticas reflexivas atreladas aos conteúdos as pontes necessárias para a aprendizagem.

O professor tem um papel importante no diálogo e na articulação entre os saberes de fora da escola e os conteúdos escolares. Para isso, precisa estar aberto a reconhecer que ensinar e aprender acontecem simultaneamente. Um professor que dialoga com seus alunos faz com que as questões sociais estejam presentes nos espaços da escola. Ao escutar, promover o debate e reconhecer os sujeitos aprendentes como também capazes de ensinar, os muros da escola diminuem e pontes são construídas com a sociedade. Os temas que permeiam a vida dos estudantes estão presentes nas relações com os conteúdos, as histórias de vida são respeitadas e isso garante a equidade na relação de ensino e aprendizagem.

O professor não se limita a uma lista de conteúdos, mas estabelece relações com tudo que acontece para além das salas de aula. Conhecer alunos e crianças permite um diálogo com a sociedade, pois cada um desses educandos é um sujeito histórico, cultural e social, que leva para dentro dos espaços pedagógicos suas referências. Validar a voz desses pequenos seres humanos é validar a sociedade. É dizer que cada um ali é importante em sua inteireza - e isso faz com que eles tenham algo a dizer. Educação se faz na troca entre sujeitos.


Nota do Editor: Michelle Floriani é consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil.

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