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Opinião
23/01/2022 - 05h19
Responsabilidade com o futuro
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

Muitas pessoas nascidas no pós-guerra se deixaram envolver pelas tentadoras ilusões materialistas e deram ao mundo o toque de caos organizado que visa riqueza e poder. As pessoas perderam a sensibilidade para perceber que são as causadoras de seu próprio destino. Por trás dos acontecimentos, atua a lei do semear e colher que atinge a toda humanidade. O mundo se acha diante da grande colheita, e desfilarão pelos povos os frutos da mesma espécie que foram semeados.

Nos anos 1980, o Brasil foi mobilizado para o resgate da dívida em dólares, acrescida de juros de mais de 20% a.a. A economia foi caminhando aos solavancos e a classe política perdeu o rumo. Empresas foram atraídas sem que houvesse planejamento de longo prazo; os Estados se puseram a gastar, aumentando despesas fixas. Camaçari, com o fechamento da Ford, mostra bem o resultado: perda de empregos, renda e arrecadação. O que fazer agora? As consequências disso deveriam ter sido pensadas lá trás. É dever dos governantes, empresários e pessoas em geral, pensarem no futuro, na sustentabilidade a longo prazo.

O castelo de cartas, construído de forma imediatista, está balançando. O mundo, voltado para o dinheiro e prazeres, vem sofrendo abalos econômicos devido ao fechamento de fábricas no ocidente e à crescente utilização de robôs. Em 2020, o golpe dado pela pandemia desnudou a economia e seus problemas. Os homens se apegaram ao poder, dinheiro e controle, e a política foi envolvida pela economia. A cada queda de cartas faz-se um novo remendo provisório à espera do próximo; a precarização vai esticando seu braço.

Cada nação deveria gerir a si mesma, promovendo a melhora das condições gerais de vida para seus cidadãos, sem causar danos a outras. Povo despreparado cai na conversa de políticos mal-intencionados visando poder. Deveriam escolher o governante mais honesto, competente e dedicado ao seu país, mas como isso aconteceu poucas vezes, agora falam em governo mundial, mas que tipo de ser humano teria estatura moral e capacitação para isso? Sem o autoaprimoramento do ser humano, em conformidade com as leis da natureza, tudo o mais será paliativo.

Os sistemas criados pelos homens deveriam atender às necessidades com liberdade e gerar ganhos. Mas acabaram se voltando exclusivamente para gerar lucros e poder, deixando as necessidades humanas a cargo dos Estados e seus incompetentes e perdulários estadistas. As crises se tornaram inevitáveis.

O diálogo teria de ser a prática do dar e receber, mas falta boa vontade e humildade para reconhecer a verdade. O ser humano é dotado da vontade intuitiva, proveniente do eu interior, que o conecta com a força espiritual que perpassa a obra da Criação, e vontade mental, proveniente da região cerebral. Porém, a vontade intuitiva se tem enfraquecido no correr dos séculos, e mais ainda nos tempos atuais, dando espaço para o domínio da vontade mental.

“O espírito é pronto, mas a carne é fraca”, a frase dada há dois mil anos, no tempo em que se entendia que a carne representa o corpo, mas o espírito encarnado tinha de dominar o corpo não se deixando dominar por ele. Atualmente, a palavra “carne” assumiu conotação mais ligada ao instinto sexual, o que dificulta a compreensão clara do significado da frase que é uma advertência para que a vontade espiritual intuitiva preponderasse sobre a vontade mental do corpo.

Há uma crise de credibilidade no ar porque as aparências estão em oposição ao que as pessoas efetivamente querem e sentem. Falta autenticidade, mas os fios do destino não se deixam enganar e trazem de volta o que foi realmente desejado, e não as falsas aparências. A realidade está sacudindo a humanidade para que cada indivíduo redesperte o eu interior que foi adormecido como chumbo devido às futilidades da vida materialista do consumismo, do ter sem se ocupar com o ser. Os acontecimentos querem despertar as pessoas para que busquem o saber do significado da vida. Só com vontade firme para o bem e confiança na Luz e suas leis é que poderá ser construída a necessária proteção.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

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