Como esquecer? Os discos de vinil eram o que tocava nas nossas radiolas nas décadas de 1970, 1980. Os compactos viraram febre, e tinham os seus formatos: os simples, uma música de cada lado; os duplos, duas. E os lados? Lado A e Lado B. E quem vivenciou, sabe o que aquilo dizia. O Lado A era o carro-chefe do lançamento, trazendo a canção predestinada a estourar nas paradas de sucesso. O Lado B era algo mais intimista, dizia mais sobre a própria composição, ou o compositor, sem muita preocupação com o Lado C - ou Comercial. Então, segundo o evangelho do vinil, o Lado A é o que já vinha com aposta de todas as fichas. E acertavam? Normalmente, sim. Tiro por base os nossos vinis: todo mundo cantava o Lado A, mas nem dava notícia do Lado B - embora o cantor fosse o mesmo. Isso se dava, naturalmente, em razão da famosa música de trabalho, que as grandes gravadoras e rádios promoviam à exaustão. Não tínhamos radiola em casa, mas eu conhecia alguém que tinha. A gente se reunia para tocar nossos compactos. Era uma festa aquilo. Na efervescência da juventude, nos desmanchávamos em lágrimas com o José Augusto e os maiorais da época. Literalmente, com-pacto simples! Ignorando o marketing, intuitivamente a gente sentia que ser Lado B era meio sem futuro, chique mesmo era ser Lado A. Em campo o bom senso, hoje já se sabe: nem tanto o A, nem tanto o B. Conciliando as partes, sempre haverá o equilíbrio - graças a Deus!
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