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Crônicas
21/01/2022 - 05h32
A Paraíba revoluciona a Educação
Damião Ramos Cavalcanti
 

Desde meus tempos de Grupo Escolar, em Pilar, chamava-se “dever de casa” o que, atualmente, tem o nome de “tarefa escolar”. Se era em casa e com menino no meio, como hoje, cabia aos pais esse trabalho. Então, esse serviço familiar não acontecia a contento, em razão da relatividade ou do grau de instrução dos pais que, também, depois das suas cansativas horas de trabalho, fora de casa ou no campo, tomavam banho e, na boquinha da noite, meninos e meninas, já bocejando, tentavam complementar o ensino, que os filhos teriam recebido na escola.

Experimentei essa realidade, quando meu pai, que já tinha feito o primário e até o exame de admissão, sabia muito bem, naquele nível, português e matemática. Puxavões de orelha e outras inabilidades pedagógicas havia e subsistem, ainda hoje, bem visíveis e ditas, neste tempo de isolamento social por causa da Covid. Viralizou o vídeo em que o pai médico, Dr. Beto, com muita coragem, esclareceu ser impossível ensinar, ao mesmo tempo, e dar conta de três crianças, explicando-lhes o bem dito “dever de casa”: a uma era geometria, à outra português e ao terceiro complicados cálculos de matemática e ainda falar inglês... Reclamava ele que não teria recebido a formação de substituir, nem parcialmente, os professores da escola, mesmo justificando os limites da pandemia, apesar da sua maior das boas vontades a serviço dos filhos. Contudo, as escolas receberam o recado e atenuaram o “dever de casa” aos pais.

Eles e elas têm razão, dar aula à criança exige do docente conhecimento amplo, sobre filosofia, psicologia e sociologia pedagógicas mais do que o trato aos crescidos estudantes universitários. Isso foi descoberto por países de excelente educação pública. Há muito tempo, inventaram a “escola de tempo integral”, corrigindo, de imediato, a necessidade extrema do pai “despreparado” assumir, domesticamente, o lugar do professor. E atualmente, depois do frisson quotidiano, enfrentando problemas e trânsito, os pais chegam em casa um bagaço. A Escola de Tempo Integral presenciei na França, onde a Escola recebia minhas três crianças, centena delas e jovens, dando-lhes, pela manhã, aulas e ensino; merenda e almoço, educando culturalmente como se realiza uma refeição, com até o hábito da sesta. E, à tarde, recomeçavam as atividades, aprendidas pela manhã. Enfim, em casa e na família, existe pouco do tempo, que resta para as crianças, irmãos e pais conviverem entre si, interagirem e se educarem familiarmente. A educação de casa é a familiar, com brincadeiras, troca de carinhos e respeito à mãe e ao pai; no outro dia, na escola, ensino de conteúdo formal e programado, sociabilidade e solidariedade. Dada essa separação de funções, entre a casa e a escola, acabar-se-ia o tradicional “dever de casa” ou obrigações escolares aos pais, aperfeiçoando-se o convívio da família. Hoje, já morre mãe ou pai frustrados, por não cumprirem a paternidade e maternidade, com amor junto aos filhos. Isso também acontece, quando eles supervalorizam o trabalho em detrimento da família...

A solução, à educação, é o prolongamento da rede de escolas de tempo integral. Nesse último dia 10, o Governador João Azevêdo trouxe uma boa nova ou a melhor notícia que se poderia ouvir na Paraíba, em termos de educação: “Trabalhamos fortemente para a universalização das escolas de tempo integral, e conseguimos realizar, em todas as 223 cidades paraibanas, uma Escola Cidadã de Tempo Integral”. Triplicou-se, de repente, o que vinha sendo necessário ao processo ensino-aprendizagem, para partirmos a uma nova era de eficácia educacional na Paraíba, sim, mas do que transformadora e exitosa. Esse é o caminho para um ensino de excelência! Assim, crianças e jovens aprenderão muito mais... Que tal gestão se prolongue, revolucionando a educação na Paraíba, nos anos que advêm e que advirão...

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