Como diz a famosa música: “Então é Natal...”. O Natal já chegou e, com ele, a tradicional troca de presentes. O ato de dar presentes tornou-se um evento tão celebrado que só para termos uma ideia, segundo pesquisas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito e com a Offer Wise, cerca de R$ 68,4 bilhões deverão ser injetados na economia brasileira no Natal deste ano. Com números tão expressivos, surgem reflexões sobre este período que é mágico para alguns e nem tanto para outros. Isso porque muitas pessoas criticam (com uma boa dose de razão) o excesso de comercialização nessa época. Segundo artigo do Paul Ringe, renomado professor de História para a revista americana The Atlantic, muitas pessoas tendem atribuir esse exagero ao Marketing (pobre marketing, ele sempre é culpado de tudo). E, apesar de realmente ele ter contribuído para ampliar a prática de comprar presentes de Natal, esse costume é anterior à disseminação do capitalismo. Patrick Mabilog, consultor e palestrante, ao escrever para o site Christian Today, afirma que a tradição de presentear as pessoas nessa época do ano tem origem nas festas pagãs dos antigos romanos, como a Saturnália, que acontecia de 17 a 23 de dezembro, onde se agradecia a generosidade do deus da agricultura, Saturno. Nessas festividades, as pessoas trocavam presentes simples, como velas, vinhos, frutas e nozes. Ainda de acordo com o site Britânico Gifts, nessa época, a posição social era deixada de lado e até os escravos participavam da troca de presentes. Porém, com a conversão do Imperador Constantino ao Cristianismo em 312 d.C., as celebrações pagãs foram erradicadas. Contudo, os líderes da época não podiam simplesmente banir uma festa tão popular como a Saturnália. Existe assim uma teoria que eles usaram muitas características dessa festa pagã para estabelecer o Natal. A diferença era que a festa tinha um novo olhar, agora cristão: comemorar o nascimento de Jesus. Acredita-se que a troca de presentes foi uma das tradições que permaneceu e que casou muito bem com a visita dos três Reis Magos que, segundo a Bíblia, levaram presentes ao menino Jesus que acabara de nascer. Mas somente no século 20, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o Natal se tornou o fenômeno que é hoje, inclusive com o fortalecimento da imagem do Papai Noel. E você pode estar se perguntando: mas por que é importante conhecer essa história toda? Bem, com ela, podemos perceber que, mesmo que as tendências e gostos em relação aos presentes mudem ao longo de tempo, o gesto de comprar, preparar e dar algo de valor aos amigos e familiares é milenar. Importante notar que desde a época dos Romanos, passando pelos Cristãos, o ato de presentear é desvinculado de valores monetários e, assim sendo, devemos ter sempre como foco o agradecimento, a alegria e o amor, para não cairmos no consumismo por si só, vazio e sem sentido. Assim, ao saber o que a troca de presentes no Natal já representou, garantimos que não se perca de vista o que nossos presentes realmente devem significar. Nota do Editor: Shirlei Miranda Camargo é doutora em Estratégia de Marketing e professora da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.
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