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Opinião
08/12/2021 - 05h51
A quarta onda do Covid e os cuidados
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Calcula-se que entre 10 e 15 dias já esteja clara a dimensão da quarta onda do Covid-19 ao nosso país. Os casos da variante Ômicron, vinda da África do Sul, poderão aumentar e, também, chegarem outras cepas. Esse quadro sinistro nos conduz à necessidade de se manter o uso da máscara e o distanciamento pessoal, para evitar possível contaminação, adoecimento e morte. A suposição é de que tenhamos de manter a guarda levantada no Natal e Ano Novo e prestar muita atenção na evolução do quadro pandêmico para mais à frente definir quanto à realização (ou não) do Carnaval. Os prefeitos das cidades onde o evento é de grande porte têm dito que não devem simplesmente cancelá-lo com três meses de antecedência, como já fizeram os administradores das localidades médias e pequenas, onde a festa não tem grande significado econômico. O momento é de atenção porque, ao que tudo indica, a tormenta, embora enfraquecida, ainda é presente e a ameaça de seu recrudescimento real.

Já temos 84,82% da população vacinados com a primeira dose, 64,07% com duas doses e 8,35% receberam a terceira, também identificada como dose de reforço. O quadro é positivo, mas preocupa a existência de 20 milhões de indivíduos que se vacinaram mas não voltaram para receber a segunda dose. Sem dúvida, esses estão expostos a riscos maiores que os imunizados com a segunda e a terceira doses. Além de poderem adoecer mais facilmente, tendem a ser os hospedeiros para o coronavírus continuar circulando e fazendo vítimas. É preciso encontrar argumentos para que completem a vacinação. Se necessário, endurecer a relação, impondo restrições à entrada em locais onde possam transmitir o mal. Deveriam, por exemplo, ser impedidos de frequentar estabelecimentos comerciais, atividades esportivas e culturais, só tendo acesso mediante a apresentação do comprovante de vacinação ou da realização do teste de resultado imediato (arcando com o seu custo). Por mais razões que possam invocar para não receber a vacina, ninguém deveria poder circular livremente sem ter se imunizado, pois tais pessoas poderão ser as disseminadoras e prolongadoras da crise sanitária e de suas consequências.

A essa altura, vivemos a curiosidade de saber que o coronavírus Ômicron já chegou ao país mas não temos informação concreta sobre sua letalidade e a vulnerabilidade dos diferentes grupos etários ao seu ataque. As primeiras notícias são de que a transmissibilidade é alta mas a gravidade da infecção é menor do que a das cepas com as quais já convivemos. Há, ainda, a preocupação com as crianças, até agora pouco atingidas pelo Covid-19. Enquanto a maioria dos adultos já está vacinada, a imunização dos pequenos está apenas no começo.

Por mais desconfortável que seja, o importante é cada indivíduo fazer todo o possível para não se contaminar e, principalmente, para continuar vivo. Até os incrédulos na vacina têm o dever de se proteger. Se não for para a defesa da própria vida, que seja em respeito às pessoas com quem convivem. As autoridades sanitárias devem estar pesquisando o Ômicron e a possibilidade de outras variantes chegarem ao território brasileiro na esteira da quarta onda. Do seu trabalho e orientação dependem tanto as providências que os governos adotarão para proteger a população quanto o comportamento de cada cidadão. Por mais que se faça para impedir a chegada das diferentes “famílias” do vírus, isso é praticamente impossível pois antes delas serem identificadas já estão atuando em campo aberto, na população. E os infectados, antes de identificados, são os transmissores. O momento é de prevenção. Melhor deixar de ir a festas do que correr o risco de - como ocorreu durante vários meses - não poder sair à rua e nem exercer o trabalho que garante a subsistência própria e da família...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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