Já são 19 as capitais brasileiras que suspenderam as festas de réveillon e outros eventos com a possibilidade de aglomeração, em função da chegada da variante Ômicron do coronavírus que, na quinta-feira, já mostrava três casos confirmados em São Paulo e dois no Distrito Federal. Em se tratando de eventos para se realizarem entre os próximos 20 e 30 dias, a definição é importante, não só por razão sanitária, mas também econômica. Quem os promove, avisado a tempo, consegue evitar investimentos e preparativos que, não realizadas as festas, se configuram em prejuízo total. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) afirma que proibiu as festas em atendimento às recomendações da Vigilância Sanitária, que também aconselhou continuar a utilização obrigatória da máscara em todos os ambientes. Recorde-se que, antes de conhecida a nova cepa do vírus e a sua chegada ao país, havia a expectativa de abolir o uso do protetor buco-nasal. Agora será aguardada uma nova avaliação técnica a respeito, prevista para o final do mês. Muitos são os prefeitos que, ao mesmo tempo suspenderam as festas de Natal e passagem do ano, e anunciaram o cancelamento do Carnaval de 2022, previsto pelo calendário para 1º de março. Nunes, no entanto, prefere não decidir sobre o Carnaval com tanta antecedência e diz que sua determinação levará em consideração os fatores concretos da pandemia, especialmente o número de novos infectados, internados e mortos. Rejeita pressões tanto dos contrários quanto dos favoráveis à realização dos festejos, dizendo que o poder público tem de agir sobre bases concretas, jamais por suposições. Tratar do Carnaval realmente exige cuidado. Além do seu aspecto festivo e de ser o maior evento popular do Brasil - já que acontece em toda parte - sua realização movimenta a economia. Levantamentos de órgãos oficiais e de classe informam que em 2020, último ano em que o Carnaval ocorreu a plena carga, sua realização produziu 25,4 mil vagas temporárias para ocupações entre janeiro e fevereiro. O evento movimenta setores ligados ao turismo, como alimentação (garçons, barman, copeiros, cozinheiros e outros auxiliares de cozinha), transportes e hotelaria, atividades artísticas e de lazer, e agências de viagens, sem contar bordadeiras, fabricantes de fantasias, estamparias, serralheiros, soldadores, marceneiros, eletricistas, borracheiros, mecânicos, engenheiros e demais atividades relacionadas diretamente aos desfiles de escolas de samba e blocos. Numa melhor definição, nesse momento não se deve considerar os aspectos sociais e até econômicos. Precisamos da observação dos cientistas que controlam a pandemia para depois decidir o que fazer tanto do Carnaval quanto de outros eventos, comportamentos e práticas. Depois do trauma de termos perdido mais de 600 mil irmãos brasileiros e dos esforço que a população empreendeu para se proteger, vacinar-se e evitar o mal, não podemos abrir as portas para a entrada de uma nova onda do coronavírus. É preciso que toda a experiência e o conhecimento adquiridos sejam empregados para evitar a sua realimentação. E - muito importante - que os políticos não repitam o espetáculo deprimente que exibiram à Nação através da politização da crise sanitária. Eles precisam respeitar o sofrimento do povo e jamais dele tentar buscar votos. Para o povo, nunca é demais lembrar que se manter a salvo é o interesse de cada cidadão. Melhor do que receber um bom tratamento que preserve a vida é não adoecer e poder continuar cada um em sua atividade, mesmo com o desconforto das restrições que possam ser adotadas e resultem em segurança contra a contaminação. No próprio interesse, preste atenção na evolução dos casos da variante Ômicron em nosso país e na evolução de novos casos, internações e óbitos. Proteja-se. Essa é a melhor contribuição que cada um pode oferecer. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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