Não é nada fácil viver, mas é sempre difícil conviver. Um coração bondoso não quer ferir nem magoar, mas é difícil conviver. A pessoa se esforça para ser amigo, para ser sincero, para compartilhar coisas boas, mas sempre a incompreensão, a ingratidão, e, o que é pior, a falsidade. Há uma luta terrível entre a aparência e a verdade. Não é fácil ser cordial, tratar bem, respeitar, e saber que muitas vezes é um esforço vão. Há um espelho que brilha e que ofusca ao mesmo tempo. A pessoa cumprimenta sorrindo, diz palavras de carinho e afeto, mas adiante o lobo toma a pele de cordeiro, e então o outro já não presta, já é motivo de aleivosias, mentiras e falsidades. O que mais dói é ter de conviver com tudo isso sem mostrar voraz reação, ainda que surja a vontade de dar o troco merecido. O coração sofre, lacrimeja, sente terríveis dores, porém vai curando as feridas pela necessidade de resistir e de persistir. E até de conviver, mesmo com o que não presta. Daí que, muitas vezes, somos forçados a ser avistados de uma forma, quando estamos totalmente diferentes por dentro. Nota do Editor: Rangel Alves da Costa é poeta e cronista. Mantém o blog Ser tão / Sertão (blograngel-sertao.blogspot.com.br).
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